CNI

16/10/2025 04:50h

Estudo aponta gargalos em transporte, energia e saneamento e lista obras prioritárias para destravar o desenvolvimento da região

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Sete em cada dez empresários industriais avaliam a infraestrutura da Região Norte como regular, ruim ou péssima, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice, que chega a 74%, é significativamente superior à média nacional de 45%. Os dados integram o estudo Panorama da Infraestrutura – Região Norte, divulgado nesta quarta-feira (15) durante o evento Pré-COP30: O Papel do Setor Privado na Agenda de Clima, realizado em Brasília (DF).

O levantamento reúne informações sobre transportes, energia, saneamento e telecomunicações, além de propostas para melhorar a logística e a competitividade dos sete estados da região.

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, a Região Norte tem papel estratégico no desenvolvimento sustentável no Brasil, devido à sua vasta extensão territorial, biodiversidade e abundância de recursos naturais. No entanto, o déficit de infraestrutura é um entrave que precisa ser superado

“As deficiências em rodovias, a baixa integração energética, os entraves no transporte hidroviário e as limitações no acesso a serviços essenciais impactam a qualidade de vida e elevam os custos logísticos, desestimulando investimentos”, avalia. “Fortalecer a infraestrutura da região, com respeito aos marcos legais e ambientais, é condição indispensável para atrair investimentos e estimular o crescimento industrial”, complementa.

De acordo com o especialista em Políticas e Indústria na CNI, Ramon Cunha, o estudo pode contribuir para orientar o desenvolvimento regional. “A expectativa é que o trabalho sirva como um importante instrumento para que a sociedade, investidores e planejadores de política possam priorizar aqueles projetos de maior impacto e interesse do setor industrial. Isso tudo é fundamental para a geração de emprego, de renda, de crescimento e desenvolvimento local”, detalha.

Gargalos e prioridades

O estudo da CNI aponta que o Norte enfrenta obstáculos logísticos e estruturais que comprometem a articulação entre seus polos produtivos. Rodovias em más condições – com trechos precários ou incompletos, quase ausência de ferrovias e hidrovias com grande potencial, mas sem investimentos em dragagem, sinalização e interligações modais estão entre os principais problemas. 

Entre as obras consideradas prioritárias estão a ampliação da Hidrovia Araguaia-Tocantins, com o derrocamento do Pedral do Lourenço, e a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial — nas bacias da Foz do Amazonas e do Pará-Maranhão. A entidade também destaca a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica, a pavimentação do trecho central da BR-319 (Porto Velho–Manaus) e a implantação da Ferrogrão (EF-170).

“Se bem conduzidos, esses projetos podem integrar o interior da região aos mercados nacionais e internacionais, gerar emprego e renda e garantir segurança energética ao país”, afirma Alban.

Déficits em energia e saneamento

O estudo mostra ainda que a Região Norte tem o pior desempenho do país em saneamento básico. Apenas 61% da população é atendida por rede de abastecimento de água e 23% conta com rede de esgoto — o menor índice nacional. Em Roraima, o estado com melhor desempenho, 66% da população tem acesso à rede de esgotamento sanitário.

As perdas na distribuição de água chegam a 50%, acima da média nacional de 40%. Tocantins (31%) e Rondônia (37%) são os únicos estados com índices abaixo da média. O déficit estrutural compromete a instalação de novos empreendimentos e afeta diretamente a qualidade de vida da população.

Obras e investimentos

O estudo cita a recente conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) como um passo importante para reduzir o isolamento energético da região. Em 2024, o Ministério dos Transportes e o de Portos e Aeroportos autorizaram R$ 13,7 bilhões em investimentos, dos quais R$ 3,6 bilhões foram destinados ao Norte. O total efetivamente pago, incluindo restos a pagar, foi de R$ 3,8 bilhões.

Levantamento do Tribunal de Contas da União mostra que 58% das obras públicas com recursos federais na região estão paralisadas — um total de 2.207 contratos, principalmente nas áreas de saneamento e transportes.

O Novo PAC, anunciado em 2023, prevê R$ 294 bilhões em obras e serviços no Norte, dentro de um total de R$ 1,7 trilhão em investimentos no país.
Infraestrutura e transporte

A região tem frota de 7 milhões de veículos, sendo 38,5% motocicletas e 30,6% automóveis. Os aeroportos mais movimentados são os de Belém (4 milhões de passageiros em 2024) e Manaus (2,8 milhões), seguidos por Palmas, Macapá e Santarém.

A CNI defende que investimentos em transporte, energia e saneamento são fundamentais para reduzir desigualdades regionais e tornar o Norte mais competitivo.
Preparativos para a COP 30

O levantamento foi lançado durante os preparativos para a COP 30 – o principal evento mundial sobre mudanças climáticas, realizado pela Organização das Nações Unidas – que terá início no dia 10 de novembro, em Belém, capital do Pará, coração da Amazônia brasileira. 

A CNI realiza uma série de ações relacionadas à participação da indústria no fomento ao desenvolvimento sustentável. Entre elas, está a Pré-COP30: O Papel do Setor Privado na Agenda do Clima. Durante o evento, foram apresentadas as propostas oficiais da indústria para a COP30, cases internacionais de descarbonização e os desafios de infraestrutura da Amazônia Legal. 

“A promoção e o avanço, o fortalecimento da infraestrutura na Amazônia em novas bases, infraestrutura verde, é o que vai permitir o sucesso da agenda do desenvolvimento sustentável”, defendeu o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero) e do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Marcelo Thomé, durante o evento. 
 

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15/10/2025 04:55h

Ao longo da programação haverá o compartilhamento de experiências, apresentação de soluções e debates sobre como fortalecer o ecossistema de inovação

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Com o intuito de expor ideias inovadoras para fomentar as transições digitais e sustentáveis no Piauí e em todo o Brasil, a Jornada Nacional de Inovação da Indústria chega a Teresina (PI) nesta quarta-feira (15). O evento será realizado no Hub de Inovação Espaço S, no Teresina Shopping.

A Jornada é uma iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A caravana percorre cidades do país para valorizar soluções locais e impulsionar a inovação.

“[Em Teresina] O evento destacará os desafios e oportunidades da transição ecológica e digital, fundamentais para fortalecer a competitividade da indústria no Piauí”, pontua o analista do Sebrae no Piauí, Helder Freitas..

Ainda no estado piauiense, a Jornada vai marcar presença em Parnaíba, na sexta-feira (17). Mas antes, na quinta-feira (16), o evento será realizado no Recife (PE). A agenda prevista para o Nordeste brasileiro também vai contar com edições em João Pessoa (PB) e em Aracaju (SE), no dia 21 de outubro. Por fim, no dia 25 de novembro, representantes de todos estados da região farão balanço da primeira etapa da Jornada no encontro regional em Salvador (BA).

Em todos esses municípios, o evento contará com a participação de empresários, startups e instituições. Ao longo da programação, haverá compartilhamento de experiências, apresentação de soluções e debates sobre como fortalecer o ecossistema de inovação. Também serão apresentados painéis acerca do tema e workshops sobre Fomento à Inovação e Gestão da Inovação.

A especialista de Inovação da CNI, Marilene Castro, explica que os resultados do trabalho serão compartilhados com empresas de diversos setores, com o objetivo de fortalecer a conexão entre oferta e demanda na área.

“Vamos organizar os elementos de análise, como transição ecológica e digital, bioeconomia, inteligência artificial, descarbonização, uma gama de conteúdos, de temáticas que foram surgindo como desafios e oportunidades durante os painéis, o que permitirá traduzir a percepção das empresas em recomendações para políticas públicas, em estratégias empresariais de inovação, em recomendações para os presidenciáveis do ano que vem, e como também insumos para a defesa de interesse”, destaca.  

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Até fevereiro de 2026, devem ser realizados 27 encontros estaduais e cinco regionais. As escalas terão a participação de pesquisadores, entidades empresariais e governamentais, Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), além de representantes de indústria e de deep techs.

A Jornada Nacional de Inovação da Indústria está percorrendo cidades de todo o país com o objetivo de buscar as melhores práticas em soluções tecnológicas e sustentáveis. Os resultados serão apresentados no Congresso Nacional de Inovação, previsto para março de 2026, em São Paulo. A agenda completa dos eventos pode ser conferida no site oficial da mobilização.

O que são deep techs?

A CNI define as deep techs como startups que atuam com tecnologias que têm como base conhecimentos científicos com alta complexidade de desenvolvimento. As soluções dessas companhias têm potencial para liderar mudanças, estabelecer novas indústrias e reinventar as atuais.

Atualmente, o Brasil conta com mais de 20 mil startups. Dados do Deep Tech Radar Brasil 2025, produzido pela Emerge em parceria com o Sebrae, apontam que em todo o Nordeste há 51 deep techs. Desse total, 4 estão no Piauí; 17 em Pernambuco e 1 na Paraíba. 

De acordo com o Sebrae, a transição ecológica e digital, no contexto da Jornada Nacional de Inovação da Indústria, “representa um movimento estratégico para transformar a indústria brasileira, impulsionando as empresas rumo a um modelo mais sustentável, competitivo e inovador”.
 

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14/10/2025 04:55h

Apesar da alta, indicador permanece abaixo dos 50 pontos e registra 10 meses seguidos de pessimismo entre industriais

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O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) subiu um ponto em outubro e chegou a 47,2 pontos. Apesar da alta, o indicador permanece abaixo da linha de 50 pontos, que separa confiança de falta de confiança. O setor acumula 10 meses seguidos de pessimismo. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (13).

Para o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, ainda não é possível afirmar que houve uma reversão do quadro. “O final do ano costuma ser o período mais favorável para a indústria, e isso costuma se refletir nas expectativas. Então é possível que tenha uma melhora, por conta até do período do ano, mas não necessariamente uma reversão dessa falta de confiança que a gente vem observando desde o início do ano”, explica.

O levantamento mostra que os dois componentes do índice melhoraram em outubro, na comparação com setembro. O Índice de Condições Atuais avançou 1,3 ponto, de 41,9 para 43,2 pontos, impulsionado por uma percepção menos negativa sobre o momento das empresas e da economia. Mesmo assim, o resultado segue abaixo dos 50 pontos, o que indica condições piores do que há seis meses.

O Índice de Expectativas teve alta de 2,9 pontos, a terceira consecutiva, e chegou a 49,1 pontos. O patamar mostra que os empresários continuam com perspectivas negativas para os próximos seis meses, embora menos pessimistas do que em setembro.

A CNI aponta que a leve melhora reflete uma visão menos desfavorável sobre o futuro da economia e mais positiva em relação às próprias empresas.

Juros 

De acordo com o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, a falta de confiança está relacionada à taxa de juros alta, que impacta a indústria e outros setores produtivos. “Esse nível elevado dificulta investimentos, captação de capital de giro, onera demais o custo do crédito no país e isso acaba impactando a indústria, o varejo e a economia brasileira de modo geral”, detalha. 

Galhardo pontua que, embora tenham melhorado, os índices ainda estão abaixo dos 50 pontos. “Não se trata só de uma correção depois de uma queda muito forte, a principal explicação está na trajetória da economia brasileira. Se pudéssemos dizer que essa elevação da taxa de juros provocou um vale na economia brasileira, nesse momento nós estamos escalando, saindo da parte mais baixa desse vale e mais perto agora do início do ciclo de cortes de juros do que estávamos há algum tempo”, avalia.

A explicação, segundo o especialista, é a expectativa de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) inicie um ciclo de cortes de juros já na próxima reunião, em dezembro, ou no primeiro trimestre de 2026.

Em artigo publicado recentemente no jornal O Globo, o presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que os juros praticados no Brasil são uma "barreira intransponível ao desenvolvimento". "Não existe crescimento sustentável com juros estratosféricos. Não há espaço para inovação, reindustrialização e crédito acessível. O que se vê é a paralisia dos investimentos produtivos, com sequelas para toda a sociedade.", escreveu Alban. No texto, o dirigente da confederação antecipou a criação do pacto Brasil +25 — uma mobilização que reunirá empresários, trabalhadores e lideranças políticas para propor reformas e políticas de Estado voltadas a conter a escalada dos juros.

ICEI

O ICEI é uma pesquisa mensal da CNI que mede a confiança dos empresários da indústria. Nesta edição, a pesquisa ouviu 1.164 empresas entre 1º e 7 de outubro de 2025, sendo 458 de pequeno porte, 444 de médio porte e 262 de grande porte.
 

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14/10/2025 04:45h

Evento prevê troca de experiências sobre transição ecológica e digital. A programação vai contar com salas temáticas, além de workshops acerca da inovação e do acesso a mecanismos de fomento

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O Brasília (DF) recebe, nesta terça-feira (14), a Jornada Nacional de Inovação da Indústria. O movimento percorre o país para conectar pessoas, ideias, tecnologia e meio ambiente em relação à transição ecológica e digital e é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

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No DF, o encontro será no Parque Tecnológico de Brasília (Biotic), localizado na Granja do Torto, a partir das 9h. Esta etapa também conta com correalização do Sistema Fibra e apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal.  

Programação

Durante o evento, haverá participação de representantes de indústrias, startups, academia e do governo. A ideia é que o momento sirva para o compartilhamento de desafios e oportunidades. Outro intuito é contribuir com a elaboração de propostas que vão nortear as políticas de inovação, a transição ecológica e a transformação digital da indústria brasileira.

A partir das 13h30, os participantes poderão escolher entre cinco salas temáticas que tratarão de temas como indústria sustentável, transformação digital, ecossistemas de inovação, futuro do trabalho e fomento à inovação. Confira:

  • Sala 1. Indústria Sustentável: Descarbonização, Transição Energética e Economia Circular

Mediador: Ludmyla Macedo de Castro e Moura – Assessora Especial da SEMA
Relator: Kadmo Côrtes - Presidente Executivo do Instituto Desponta Brasil
 

  • Sala 2. Transformação Digital: Inteligência Artificial, Big Data, Dados e IoT

Mediador: Carlos Jacobino, Presidente Sinfor DF
Relator: Ricardo Sampaio, Coordenador CIIA (SECTI DF)
 

  • Sala 3. Ecossistema de Inovação: Empreendedorismo e Startups de Impacto

Mediador: Dani Estevam, Coordenadora do Coalizão pelo Impacto
Relator: Isabela, Sebrae no DF
 

  • Sala 4. Futuro do Trabalho: Qualificação Profissional

Mediador: Ivan Alves, Secretário Adjunto SEDET-DF
Relator: Marco Secco, Diretor Geral do SENAI DF
 

  • Sala 5. Políticas Públicas de Fomento à Inovação: Marcos Legais, Incentivos Fiscais e Articulação Público-Privada

Mediador: Bruno Portela, Secretário Especial Adjunto do Ministério da Economia
Relator: Gilmar Marques, Coordenador da FAP DF

Paralelamente, o evento vai disponibilizar dois workshops voltados a funcionários de empresas, acadêmicos e público em geral. Nesses ambientes, os participantes vão tratar da gestão da inovação e do acesso a mecanismos de fomento.

Parcerias estratégicas

Na avaliação da especialista de Inovação da CNI, Marilene Castro, a  Jornada Nacional de Inovação da Indústria vai além de um ciclo de debates. “É muito mais que um evento, é uma oportunidade de fazer network, trocar experiências, conhecer soluções de ponta e construir parcerias estratégicas. As empresas presentes vão compartilhar caminhos para crescer com sustentabilidade, competitividade e tecnologia, e os participantes terão acesso a conhecimento aplicado e oportunidades reais de inovação”, destaca.

Deep techs

As deep techs – startups baseadas em inovação científica e tecnológica – terão papel fundamental na Jornada, pois são empresas baseadas em descobertas científicas, com alto grau de inovação e potencial para transformar setores inteiros. O Brasil conta hoje com mais de 20 mil startups.

De acordo com dados do Deep Tech Radar Brasil 2025, produzido pela Emerge em parceria com o Sebrae, o Distrito Federal conta com 15 deep techs.

O diretor-técnico do Sebrae, Bruno Quick, entende que essa iniciativa é uma oportunidade para alavancar a criação e o desenvolvimento de deep techs no Brasil. Para ele, o Sistema S e a CNI têm o papel fundamental de levar esse tipo de ideia para os estados e os municípios. 

“A gente enxerga uma enorme complementariedade entre o Sistema Indústria, a CNI e o SENAI, o IEL e o SESI. Todo esse sistema está cooperando hoje e esse é o epicentro que a inovação tem aqui na MEI. E a gente entende que hoje, com essa alta capilaridade do Sebrae, essa agenda estratégica e capacidade instalada do sistema indústria, a gente consegue rodar o Brasil, apresentar toda essa rede para as indústrias brasileiras”, pontua.

A Jornada Nacional de Inovação da Indústria

A Jornada Nacional de Inovação da Indústria está percorrendo o Brasil em busca das melhores práticas em soluções tecnológicas e sustentáveis, que serão apresentadas no Congresso Nacional de Inovação, em março de 2026, em São Paulo. A agenda completa dos eventos pode ser conferida no site oficial da mobilização.
 

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07/10/2025 16:00h

Levantamento da CNI mostra que possível acordo sobre 1,9 mil produtos pode recuperar espaço comercial e ampliar competitividade das exportações brasileiras

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Um acordo com os Estados Unidos pode beneficiar US$ 7,8 bilhões em exportações. É o que conclui um levantamento divulgado nesta semana pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A análise da entidade leva em conta um acordo com os 1.908 produtos presentes na lista da Ordem Executiva de 5 de setembro. Esse recorte inclui, por exemplo, tarifas recíprocas e setoriais.

Uma nota divulgada pelo Palácio do Planalto informa que, na segunda-feira (6), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu uma ligação de Donald Trump. Lula lembrou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços.

Diante disso, o mandatário brasileiro pediu a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras. Trump, por sua vez, designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar continuidade às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, entende esse diálogo como um sinal positivo, que reforça o respeito mútuo em relação aos dois países.

"Entendemos que não existem argumentos lógicos e racionais econômicos para as exportações brasileiras estarem sendo taxadas. Hoje, nossa relação de mais de 200 anos com os Estados Unidos têm muita interdependência positiva de insumos produtivos, que vão do Brasil aos Estados Unidos e vice-versa, e que retroalimentam nossa relação, não só no âmbito comercial, mas também no de investimento”, considera.

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Em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira (7), o CEO da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Abrão Neto, afirmou que considera essa conversa entre Lula e Trump um passo relevante, já que cria condições para um entendimento entre as duas nações.

“Há pouco tempo, o diálogo entre os dois governos era inexistente. Agora, no mais alto nível, com o envolvimento dos dois presidentes que têm sinalizado mensagens positivas, se estabelece um começo de um processo de diálogo que nós esperamos que leve a um entendimento, leve a uma solução para reequilibrar o comércio, para voltar a permitir o crescimento de comércio e de investimentos entre as duas maiores economias das Américas”, disse Abrão Neto à emissora.

O CEO da Amcham Brasil pontuou ainda que essa mudança de cenário foi influenciada por vários fatores, com destaque para a mobilização do setor empresarial. 

Ordem Executiva

A lista de produtos compreendidos no anexo Potential Tariff Adjustments for Aligned Partners (PTAAP), anunciada pela Ordem Executiva nº 14.346, de 5 de setembro, possibilitaria isenções tarifárias capazes de atingir US$ 7,8 bilhões em exportações pelo Brasil.

A Ordem Executiva estabelece a estrutura para futuros acordos recíprocos. Além disso, prevê possíveis isenções tarifárias para 1.908 produtos, desde que sejam levados em conta compromissos relacionados a comércio e segurança.

De acordo com a CNI, o anexo abrange 18,4% do que foi exportado pelo Brasil ao mercado dos Estados Unidos em 2024. Essa taxa seria somada aos 26,2% já isentos de tarifas adicionais.

Produtos contemplados pela Ordem Executiva

Entre os produtos contemplados pela Ordem Executiva, destacam-se itens agrícolas que não são produzidos em quantidade suficiente no país norte-americano; recursos naturais não disponíveis internamente, medicamentos genéricos, insumos farmacêuticos, além de aeronaves e peças.

Vale destacar que a Ordem Executiva também determina algumas condições específicas. Em alguns casos, por exemplo, a medida só se aplica aos produtos descritos de forma detalhada. Já em outras situações, limita-se a artigos de aviação civil e seus componentes.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, entende, porém, que há margem para negociação. “O que está em jogo não é um ganho extra para o Brasil, mas a recuperação de espaço comercial. A possibilidade de integrar o anexo significa devolver previsibilidade e competitividade às nossas exportações, corrigindo distorções que afetam diretamente a indústria e o emprego no país”, destaca.  

A CNI também aponta que, dos 1.908 produtos em questão, o Brasil exportou 526 para os Estados Unidos, que somam 819 produtos no detalhamento de dez dígitos do código norte-americano. Entre os itens mais relevantes estão café, cacau, frutas tropicais e produtos metálicos.

Missão em Washington

Nos dias 3 e 4 de setembro, a CNI liderou uma missão empresarial a Washington (EUA), com o objetivo de abrir canais de diálogo e contribuir com as negociações para reverter ou reduzir o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A comitiva reuniu cerca de 130 empresários, dirigentes de federações estaduais e representantes de associações industriais.

A agenda incluiu reuniões no Capitólio, encontros bilaterais com instituições parceiras, plenária com representantes do setor público e privado dos dois países e audiência pública na US International Trade Commission, no âmbito da investigação aberta pelo governo americano contra o Brasil, com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. O processo avalia práticas comerciais em áreas como comércio digital, serviços de pagamento, tarifas preferenciais, etanol e questões ambientais.
 

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01/10/2025 04:45h

Oportunidades estão distribuídas em 24 estados e no DF; só no Rio de Janeiro, são quase 10 mil vagas gratuitas. Modalidades presenciais, semipresenciais e à distância oferecem flexibilidade para estudantes e trabalhadores

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O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) abriu 48.576 vagas em cursos gratuitos e pagos, disponíveis em diversas áreas de formação profissional. As oportunidades incluem cursos técnicos, de qualificação, aperfeiçoamento e aprendizagem industrial, tanto presenciais quanto online.

Das vagas ofertadas, 12.746 estão distribuídas entre escolas do SENAI em diferentes estados, enquanto outras 35.830 estão disponíveis na plataforma Futuro.Digital, marketplace educacional, que reúne opções de curta e média duração, extensão, graduação, pós-graduação, MBA, além de micro e minicursos. Ao todo, são 137 turmas presenciais, 110 semipresenciais e 984 a distância (EAD), oferecendo opções flexíveis para que o estudante possa escolher onde e quando aprender.

Para a coordenadora de Operações da Educação Profissional e Superior do SENAI Nacional, Carla Abigail Araújo, a ampliação da oferta de vagas está diretamente ligada à demanda crescente da indústria por profissionais qualificados. “A grande oferta de vagas no SENAI neste semestre é uma resposta direta à necessidade urgente da indústria brasileira por profissionais qualificados, para impulsionar seu crescimento e seu processo de modernização. Com isso, o SENAI expandiu novas áreas para que consiga contribuir para a empregabilidade dos nossos alunos e, principalmente, para a confiança no setor produtivo”, destacou.

Segundo a coordenadora, esse alinhamento entre cursos e necessidades do mercado é feito com base no Mapa do Trabalho Industrial, estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta áreas estratégicas para o país, como digitalização, tecnologia da informação, automação, mecatrônica e também setores tradicionais, como metalmecânica, logística e construção civil. Além disso, o SENAI está expandindo a oferta em energias renováveis, acompanhando o avanço da economia verde.

Carla também ressaltou os investimentos do SENAI em educação a distância e em tecnologias imersivas para qualificação profissional. “Muitos jovens e trabalhadores estão buscando uma requalificação e estão procurando a modalidade à distância. Com isso, o SENAI vem investindo na expansão e na qualificação do EAD, por meio de tecnologias imersivas, uma prática no ambiente online, com laboratórios virtuais, simuladores, onde cada vez mais os nossos cursos exigem a prática, mas são pioneiros nessa utilização de tecnologias, o que possibilita a aproximação do processo de ensino e aprendizagem dos nossos alunos com a realidade da indústria”, completou.

Vagas em destaque

Os destaques ficam para o Rio de Janeiro, com 9.976 vagas gratuitas em áreas como automotiva, petróleo e gás, refrigeração e tecnologia da informação; Tocantins, com 1.085 vagas; Mato Grosso, que soma 480 vagas; Sergipe, com 780 oportunidades; e o Amapá, que abre 425 vagas.

Confira as oportunidades em cada estado:

Amapá

O SENAI-AP abriu 425 vagas em cursos como agente de produção e consumo sustentável, almoxarife, assistente contábil-financeiro, instalador de sistemas fotovoltaicos, instalador hidráulico, operador de computador, operador de logística portuária e operador de processos de distribuição logística, entre outros. As oportunidades incluem cursos presenciais e semipresenciais de qualificação profissional.

Mato Grosso

O SENAI-MT oferece 480 vagas em cursos de assistente administrativo com informática, climatização residencial, comandos elétricos, eletricista automotivo, marceneiro de móveis planejados, mecânico de refrigeração, mestre de obras da construção civil, promotor de vendas, torneiro mecânico e trilha de inteligência artificial, entre outros. As oportunidades abrangem cursos técnicos, de qualificação profissional, aperfeiçoamento e formação continuada.

Rio de Janeiro

O SENAI-RJ disponibiliza 9.976 vagas gratuitas em cursos de qualificação profissional em áreas como automotiva, energias renováveis, mídias impressas e digitais, petróleo e gás, refrigeração e tecnologia da informação. São 509 turmas em diferentes formatos (presencial, semipresencial e EAD). As inscrições devem ser feitas presencialmente.

Sergipe

O SENAI-SE tem 780 vagas em cursos como assistente de recursos humanos, auxiliar de eletricista, comandos elétricos, desenhista técnico de edificações, eletricista, marceneiro de móveis, marketing digital, mecânico de refrigeração e climatização, modelista de roupas, montador e reparador de computadores, pintor de automóveis, além de Word e Excel avançados. As oportunidades são para 27 cursos gratuitos, presenciais e semipresenciais, nos turnos da manhã, tarde e noite.

Tocantins

O SENAI-TO abriu 1.085 vagas em cursos como Excel avançado, auxiliar de laboratório químico e microbiológico, padeiro, pintor de obras imobiliárias, entre outros. Desse total, 685 vagas são para 27 cursos presenciais em diferentes turnos, e 400 vagas são para 4 cursos EAD.

O SENAI orienta os interessados a verificarem as informações detalhadas — como preços, carga horária e certificação — diretamente nos canais digitais das unidades estaduais e na plataforma Futuro.Digital.

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Apenas farmoquímicos, farmacêuticos e fabricantes de produtos diversos seguem otimistas; juros altos seguem como principal fator para o pessimismo

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A confiança dos empresários da indústria brasileira segue em queda e atinge praticamente todos os setores. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) Setorial recuou em 12 dos 29 segmentos analisados, em setembro, fazendo com que o número de setores pessimistas aumentasse de 25, em agosto, para 27 neste mês.

Apenas as empresas farmacêuticas e fabricantes de produtos diversos seguem demonstrando otimismo. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (25) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Desde o início do ano, a indústria vem sendo afetada pelos efeitos da taxa de juros elevada que vai reduzindo a demanda em certos setores, sobretudo aqueles setores onde o consumidor tende a parcelar suas compras. Com parcelas mais caras por conta dos juros, a demanda acaba caindo e com a indústria bastante encadeada, indústrias fornecem para outras indústrias, acaba que esse efeito vai se espalhando”, explica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Segundo o especialista, apesar de setembro ter registrado melhora em parte dos segmentos, o quadro geral ainda é de falta de confiança. “Na passagem de setembro para agosto, 16 dos 29 setores mostraram alta da confiança, 12 setores que mostraram queda nessa recuperação e um setor ficou estável. Apesar desses movimentos, agora são apenas dois setores mostrando confiança entre os 29 setores considerados pela indústria. Cada vez mais vemos um número maior de setores sendo afetados pela taxa de juros e percebendo essa perda de ritmo num número bastante elevado, são quase todos os setores”, avalia Azevedo.

O ICEI varia de 0 a 100 pontos: valores abaixo de 50 indicam falta de confiança; acima desse nível, confiança.

ICEI: cenários regionais

O pessimismo ainda domina no Sul, Sudeste e Norte. O índice subiu levemente nessas regiões – 0,8 ponto no Sudeste (45,3 pontos), 0,2 ponto no Sul (43,5 pontos) e permaneceu estável no Norte (47,9 pontos) –, mas todos seguem abaixo da linha divisória.

No Centro-Oeste, houve melhora significativa. O ICEI avançou 3,1 pontos, de 47,7 para 50,8 pontos, fazendo a região retornar ao campo da confiança. O Nordeste também se manteve em território otimista, com alta de 0,7 ponto, chegando a 51,5 pontos.

ICEI: portes de empresa

A falta de confiança é generalizada entre pequenas, médias e grandes indústrias. Em setembro, o ICEI avançou 0,9 ponto entre as médias (46,9 pontos) e 0,6 ponto entre as grandes (47,2 pontos). Já nas pequenas, houve queda de 0,6 ponto, para 45,7 pontos. Todos os portes, no entanto, permanecem abaixo de 50 pontos, indicando pessimismo.

A pesquisa da CNI ouviu 1.768 empresas, entre 1º e 10 de setembro de 2025, sendo 720 de pequeno porte, 626 de médio porte e 442 de grande porte.

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25/09/2025 04:55h

Mais de 33 mil estudantes, em 24 estados, já foram beneficiados pelo MAP, desenvolvido pelo SESI em parceria com o Instituto Reúna; em 2025, quase 60% dos alunos alcançaram nível adequado na disciplina

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O Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Instituto Reúna, registrou resultados expressivos na aprendizagem de estudantes do Ensino Médio da rede SESI, em todo o país. Por meio do Módulo de Aprendizagem Personalizada (MAP), o programa já beneficiou mais de 33 mil jovens, em 24 estados, envolvendo 60 professores que aplicam a metodologia nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.

Matemática foi escolhida como prioridade por todas as escolas da rede. Já no primeiro semestre de 2025, os resultados mostraram avanços. Em 2023, mais da metade dos alunos do 1º ano do Ensino Médio apresentava defasagem na disciplina – 21,2% estavam abaixo do nível básico e 31,5% no nível básico. Em 2025, 59,6% dos estudantes alcançaram o nível adequado, enquanto apenas 0,6% permaneceram abaixo do básico e 10,9% ficaram no nível básico. No total, mais de 88% atingiram níveis adequados ou avançados de proficiência.

Para Matheus Lincoln, especialista em Educação da rede SESI, os resultados positivos do programa refletem sua abordagem estruturada e sistêmica. O sucesso se deve à oferta de um módulo de aprendizagem personalizada focado na formação do professor, “Para ele trabalhar com as lacunas de aprendizagem dos estudantes, produzir um material específico para os alunos utilizarem nesse processo. Era um material didático e projetos voltados para temáticas de interesse da juventude”, explica.

MAP: protagonismo do estudante

A professora de Matemática do SESI Candeias (BA), Viviane Nery, destaca que o Programa MAP trouxe mudanças significativas para a sala de aula. “Os alunos ficaram mais participativos e confiantes para resolver as atividades, sem medo de estar errando. Eles começaram a expor melhor as ideias, o raciocínio, e isso fortaleceu também o aprendizado coletivo. Acho que o maior ganho foi ver que eles não ficaram presos só em decorar fórmulas e métodos, mas passaram a compreender a Matemática de forma mais prática e significativa”, afirma.

Além de melhorar as habilidades acadêmicas, o programa tem contribuído para o desenvolvimento de competências socioemocionais, como pensamento crítico, criatividade, engajamento, autoconfiança e controle emocional.

Para a pedagoga Tatiana Dalla, que atua no Ensino Fundamental 1 (do infantil ao 5º ano) há 15 anos, o impacto do programa vai além da aprendizagem em si, ajudando a reduzir desigualdades educacionais. “Programas como esse são fundamentais, por trazerem todos os alunos para o mesmo parâmetro. O principal ganho desse projeto, além de trazer o aluno como protagonista, é exatamente diminuir essa desigualdade educacional. Trazer para esse aluno a condição de competir de igual para igual com qualquer outro, seja de escola particular, seja da escola pública, é muito importante”, avalia.

MAP: como funciona

A metodologia do programa é simples e estruturada. Cada escola analisa o histórico de aprendizagem dos alunos e seleciona duas áreas do conhecimento para reforço. Os professores elaboram um cronograma específico, com aulas consecutivas e formatos inovadores, como a aprendizagem baseada em projetos, que incentiva o protagonismo e o engajamento.

Atualmente, o MAP está presente em 186 escolas da rede SESI. O programa foi estruturado com base nos Mapas de Foco da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e nas Matrizes Curriculares da rede. A partir de 2026, será ampliado para turmas do ensino fundamental, do 4º ao 9º ano, inspirado no sucesso do projeto no Ensino Médio.

“A gente pode dizer que é um pacto da rede SESI com a qualidade da educação e que nenhum estudante fica para trás na nossa rede. Então, o objetivo também de fazer essa expansão é essa garantia de uma aprendizagem de qualidade que transforma vidas e que dá condições do aluno ser protagonista do seu projeto de vida”, completa Lincoln.

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24/09/2025 04:55h

Pesquisa divulgada pelo SESI aponta que o interesse por serviços digitais cresce, com destaque para teleconsultas e agendamentos online, embora persistam desafios de conectividade e confiança no atendimento remoto

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O Serviço Social da Indústria (SESI) apresentou, nesta terça-feira (23), em São Paulo (SP), durante o evento Conecta Saúde, os resultados de uma pesquisa nacional sobre saúde digital. O levantamento mostra que 78% dos brasileiros demonstram interesse em utilizar serviços digitais de saúde, como teleconsultas, agendamento online de consultas e exames, prescrição e atestado digital.

Apesar do interesse crescente, o estudo aponta que apenas 20% da população usou efetivamente algum serviço digital em 2025. O celular é o principal meio de acesso (96%) e os canais mais utilizados são telefone e WhatsApp (45%), aplicativos de planos de saúde (32%) e o ConecteSUS (31%).

Para Emmanuel Lacerda, superintendente de Saúde e Segurança do SESI, os resultados confirmam que a saúde digital deixou de ser tendência para se tornar realidade. “A saúde digital amplia o acesso a serviços de qualidade, especialmente em regiões com escassez de profissionais ou infraestrutura. Ela permite atendimento mais rápido, redução de filas, monitoramento contínuo de condições de saúde e maior integração entre diferentes perspectivas do cuidado. Além disso, favorece a prevenção, ao oferecer ferramentas de autogestão e programas personalizados de bem-estar, resultando em mais qualidade de vida e produtividade”, avalia.

Pesquisa Saúde Digital: avaliação crescente

Entre 2023 e 2025, a avaliação positiva dos serviços digitais de saúde cresceu de 73% para 81% entre os usuários, segundo a pesquisa. Na telemedicina, fatores como praticidade (30%), agilidade (28%) e bom atendimento (14%) são os principais responsáveis pela aprovação. Por outro lado, a percepção de consultas superficiais (32%), falhas técnicas e dificuldades no agendamento (16%) ainda pesam nas avaliações negativas.

O levantamento aponta que cada pessoa se interessa, em média, por dois serviços digitais. Os mais procurados são o agendamento online (57%) e a teleconsulta (49%), seguidos por exames integrados (33%), prescrição digital (23%) e atestado médico (18%). A inteligência artificial já está presente no apoio ao diagnóstico em 10% dos casos.

A brasileira Roseane Silva, 38 anos, mudou-se para Valparaíso, na costa do Chile, em 2023, para trabalhar no segmento farmacêutico. Ela conta que a telemedicina se tornou parte da sua rotina e trouxe mais praticidade ao cuidado com a saúde. Para ela, a principal vantagem é a flexibilidade.

“O que mais chama a minha atenção em relação a esse tipo de atendimento é justamente a flexibilidade, poder ser atendida na hora prevista, principalmente. Eu posso estar com mal-estar e ao agendar o serviço sei que nesse momento serei atendida, diferentemente de uma consulta presencial, que às vezes impossibilita que seja atendida no horário marcado”, afirma.

Pesquisa Saúde Digital: resistência entre idosos ainda é alta

O interesse pela telemedicina está em expansão. Dos entrevistados, 38% afirmaram que pretendem utilizar o recurso no futuro. A aceitação é maior entre jovens homens de 25 a 40 anos (44%), pessoas com ensino superior (51%) e rendas mais altas (47%). Nutricionistas (44%), psicólogos (42%) e farmacêuticos (40%) estão entre as especialidades mais aceitas no formato digital.

Já a resistência se concentra em pessoas de 41 a 59 anos (79%) e idosos (83%), que apontam insegurança e preferência pelo atendimento presencial.

Diante da resistência que ainda existe por parte da população, Roseane acredita que o cenário deve mudar com a ampliação do acesso e da confiança nos serviços digitais. “Acredito que quem ainda tem receio é porque precisa sentir segurança de que suas necessidades serão realmente atendidas. O tempo é sagrado. E muitas vezes a pessoa não pode se deslocar, seja pela rotina corrida ou por alguma comorbidade. Nesse sentido, a teleconsulta é uma solução prática, que atende no momento certo e contribui para melhorar a qualidade de vida”, completa.

Pesquisa Saúde Digital: falta de conhecimento é barreira

Apesar do interesse, apenas 10% da população afirma conhecer bem ou muito bem os serviços digitais de saúde, enquanto 25% dizem ter algum conhecimento e 63% nunca ouviram falar ou não sabem como funcionam. Ainda assim, 56% acreditam que a saúde digital facilita o acesso aos serviços.

“Os principais desafios envolvem a redução das desigualdades de acesso à internet e a dispositivos digitais, que ainda persistem em diversas regiões, a harmonização de marcos regulatórios que garantam a sustentabilidade do ecossistema e o engajamento de usuários, empresas e profissionais de saúde em uma mudança cultural, na qual o digital seja compreendido como um complemento, e não um substituto, do cuidado presencial”, ressalta Lacerda.

Segundo o superintendente de Saúde e Segurança do SESI, a estratégia de saúde digital da instituição atua nesses pontos, buscando criar um sistema integrado, confiável e acessível para trabalhadores da indústria e seus dependentes.

O tema foi debatido no Conecta Saúde, evento promovido pelo Movimento Empresarial pela Saúde (MES), iniciativa do SESI e da CNI, que reuniu especialistas para discutir tendências e soluções que ampliem o acesso e fortaleçam o bem-estar da sociedade.

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24/09/2025 04:45h

Atividade, emprego e uso da capacidade caem; alta dos juros pressiona setor e expectativas seguem contidas

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A indústria da construção registrou, em agosto de 2025, o desempenho mais fraco para o mês em nove anos, de acordo com a Sondagem Indústria da Construção, divulgada, nesta terça-feira (23), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O índice de evolução do nível de atividade caiu 3,5 pontos em relação a julho, chegando a 46 pontos – o menor patamar para agosto desde 2016. O recuo atingiu também o emprego, com o indicador passando de 50,1 para 46,3 pontos, e a Utilização da Capacidade Operacional (UCO), que caiu de 68% para 66%, nível mais baixo em três anos.

“A elevação da taxa de juros vem trazendo, progressivamente, maiores problemas para a indústria da construção, um encarecimento do investimento, mas principalmente uma perda de ritmo na demanda, por conta da elevação dos custos”, avaliou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo. Segundo o especialista, o quadro acende um sinal de alerta, já que os empresários relatam queda em indicadores que, historicamente, registram crescimento no período.

Sondagem Indústria da Construção: reação do setor

A diretora de Operações da empresa goiana Trindade Soluções Construtivas, Daniele Trindade, vai viajar, em outubro, para um dos maiores polos de tecnologia e inovação da construção civil, em Guangzhou, na China, com o objetivo de desenvolver ideias para o mercado nacional. Envolvida diretamente com o cenário atual do setor, ela confirma que a retração na indústria da construção civil já impacta não apenas o ritmo das obras, mas também os investimentos em inovação no segmento.

Segundo ela, o reflexo desse movimento pode ser observado até em grandes eventos especializados. “Nitidamente tem-se, de fato, essa retração no modelo industrial para a construção civil. Isso, inclusive, reflete no cancelamento que houve recentemente de um dos maiores eventos de tecnologia e inovação para a Construção Civil do estado de Goiás, que é a Construtec. Eles cancelaram e passaram para o ano que vem, pela baixa adesão de empresários em expor as suas tecnologias para o mercado”, pontuou Daniele.

Mesmo com canteiros de obras ativos em vários municípios, a empresária alerta que a falta de investimento em tecnologia compromete a qualidade e a produtividade das entregas. “A gente vê canteiros de obra aí em todas as esquinas. Mas, será que esses canteiros estão fazendo serviço de alta performance? Está tendo mão de obra? Essas são as dúvidas quando a gente fala de tecnologia e inovação para a Construção Civil. Porque estão acontecendo obras, mas poderiam ser muito melhores, muito mais qualitativas, evoluir de uma maneira a servir a um cronograma assertivo de maneira muito mais cogente, o que não está acontecendo”, completa.

Sondagem Indústria da Construção: indicadores do setor

Apesar do cenário negativo, houve leve melhora na confiança. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção avançou 1,2 ponto, em setembro, para 47 pontos. Embora ainda abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa confiança de falta de confiança, o movimento indica menor pessimismo do que em agosto. A melhora foi puxada pelas expectativas em relação ao desempenho das próprias empresas nos próximos seis meses.

Já os indicadores de expectativa ligados à atividade apresentaram piora. O índice de compras de matérias-primas caiu para 49,4 pontos, enquanto o de novos empreendimentos recuou para 49,2 pontos, ambos em campo negativo. As projeções para número de empregados e nível de atividade também diminuíram, mostrando moderação no otimismo para os próximos meses.

Mesmo nesse ambiente adverso, a intenção de investir mostrou pequena recuperação, subindo para 41,1 pontos em setembro, após três quedas consecutivas. O avanço, no entanto, recupera apenas parte das perdas acumuladas no período.

Esta edição da Sondagem Indústria da Construção consultou 298 empresas, entre os dias 1º e 10 de setembro, sendo 122 pequenas, 118 médias e 58 grandes.

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