Exportações

12/04/2024 18:54h

Presidente e ministro da Agricultura e Pecuária acompanharam envio do primeiro lote da proteína animal rumo ao país asiático

Baixar áudio

Recém-habilitada pela China para a exportação de carne, uma planta frigorífica localizada em Mato Grosso do Sul recebeu as visitas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. 

Eles acompanharam o envio do primeiro lote da proteína animal ao país asiático, principal parceiro comercial do Brasil. Durante a visita, Lula destacou a força do agronegócio nacional e consequente contribuição para a balança comercial brasileira.  

"O presidente agradece porque ele embarcou o primeiro container de carne de qualidade para a China. A carne que eles estão comprando agora é carne de qualidade. É aquela que a gente quer comer, que a gente gosta e, quanto mais qualidade a gente tiver, mais a gente vai exportar. Eu fico feliz, porque esse país vai voltar a crescer muito e a gente vai gerar emprego na agricultura, na cidade, no comércio", disse. 

Até março, Mato Grosso do Sul tinha apenas três frigoríficos autorizados a exportar carne para a China. Com a habilitação há cerca de um mês, agora são sete. 

Além dos quatro estabelecimentos habilitados no estado, outras 34 plantas espalhadas pelo país receberam o sinal verde dos chineses. Com o anúncio, o Brasil aumentou de 106 para 144 o número de empresas habilitadas. 

O ministro Carlos Fávaro comemorou a abertura e ampliação de comércio com outros países. "Em 15 meses de governo abrimos 105 novos mercados para os produtos brasileiros da agropecuária. 49 países que nós não tínhamos relações comerciais com os produtos da agropecuária hoje estão disponíveis e estamos fazendo negócios", destacou. 

Fávaro ressaltou que a concretização de novas parcerias gera efeitos positivos para toda a economia. "As pessoas talvez não compreendam o que é essa abertura de mercado. É abrir uma loja da JBS do outro lado do mundo? Não é isso. É gerar oportunidade. É construir acordos com os países para que a gente possa comprar e vender produtos desses países. Essa habilitação gera oportunidades e riqueza para a empresa, mas também para a população. Hoje temos 2.300 colaboradores e, com essa habilitação, vamos para 4.600. É riqueza, emprego e felicidade na vida das pessoas", completou. 

O governo estima que as novas autorizações gerem incremento de cerca de R$ 10 bilhões à balança comercial brasileira em um ano. 

Abertura de mercados para o agro bate recorde histórico e cria oportunidades para novos produtos

Fávaro destaca recorde na abertura de mercados para o agro e projeta maior Plano Safra da história

China habilita exportação de soro fetal bovino de sete frigoríficos brasileiros

Copiar textoCopiar o texto
12/04/2024 16:58h

Menores custos logísticos, intermodalidade de transportes e investimentos levaram portos do Norte e Nordeste a quase quintuplicar participação nas exportações brasileiras dos principais grãos

Baixar áudio

Os portos do chamado Arco Norte foram responsáveis por exportar 33,5% da soja e do milho — os dois principais produtos agrícolas brasileiros – no primeiro trimestre de 2024. O resultado reforça movimento observado nos últimos anos, em que os terminais portuários localizados acima do Paralelo 16, nas regiões Norte e Nordeste, cresceram em importância para o escoamento da produção agropecuária do Brasil. 

O fenômeno começou no início da última década. Em 2010, a participação dos portos do Arco Norte nas exportações de soja e milho era de cerca de 8%, número que foi quase cinco vezes maior no ano passado — apontam dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Ao Brasil 61 especialistas disseram que vários fatores explicam o maior escoamento dos grãos em direção aos portos de Barcarena (PA), Itaqui (MA), Santarém (PA), Itacoatiara (AM), Santana (AP) e Salvador (BA). 

Larry Carvalho, advogado especialista em logística e agronegócio, diz que a redução dos custos de frete e de transporte é um dos fatores principais. "Especula-se um custo logístico  30% inferior do que nos corredores do Sul-Sudeste", compara. 

Superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth diz que há maior proximidade desses portos com os produtores do centro e norte de Mato Grosso e do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) — região de forte expansão agrícola — em comparação aos terminais do Sudeste e Sul do país. 

"O que for daquela região da BR-163 e da BR-164, que vão pegar Tangará da Serra, Campo Novo dos Parecis, Campos de Júlio, Sapezal, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, o foco é a exportação pelo Arco Norte", exemplifica. O mesmo ocorre com a produção do Matopiba, que escoa preferencialmente por Salvador ou Itaqui, completa. 

Distância mais curta é igual a economia, afirma Guth. "O transporte de Sorriso para Miritituba (PA) é, em média, R$ 100 mais barato por tonelada movimentada do que de Sorriso para Santos. Imagina o que é isso no decorrer do ano, em termos de volume de exportação? Tem momentos do ano em que a diferença é até um pouco maior", pontua. 

Ministério dos Transportes anuncia que vai investir R$ 4,7 bi em rodovias e ferrovias que vão escoar safra 23/24

Intermodalidade

Pesa a favor do Arco Norte a chamada intermodalidade no transporte. Ou seja, o escoamento até os portos ocorre por mais de um modal, seja por rodovias e depois hidrovias, seja por rodovias-ferrovias-hidrovias. 

"Os corredores do Norte fizeram integração de modais muito bem feitas. Você faz uma parte de transporte rodoviário, faz outra parte de águas interiores, e depois já faz a carga no porto, ou para o Maranhão também você tem um ferroviário aliado ao rodoviário. E esse mix de vários modais é o que permite uma redução do custo logístico. É o grande atrativo da região", assegura Larry. 

Investimentos

Thomé Guth destaca que a publicação da Lei dos Portos em 2013 foi determinante para o aumento dos investimentos privados na melhoria da infraestrutura portuária, o que se estendeu para os terminais do Norte e Nordeste do Brasil. 

Ele conta que o crescimento da produção agropecuária do país e da demanda externa pelos produtos brasileiros elevou a pressão por investimentos que melhorassem as rotas de escoamento até os portos do Arco Norte. "Tinha estrada de terra na BR-163 na região do Pará. Hoje o fluxo de caminhão está tranquilo por lá. Para o porto de Itaqui, por exemplo, tem a ferrovia Norte-Sul que já pega um bom pedaço", ilustra.

Larry Carvalho cita que as perspectivas quanto à melhoria da infraestrutura de transporte são positivas. "Tem a Ferrogrão, que está com julgamento pendente no STF [Supremo Tribunal Federal]; estamos vendo um movimento do Ministério dos Transportes na parte de arrendamento ou parceria público-privada para as hidrovias, como no Rio Madeira." 

Competitividade

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, ter mais de uma rota por onde escoar a produção é vantajoso para produtores, transportadores e demais atores envolvidos, diz Guth. 

"O que é de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais ainda vai pela região Sul, Sudeste do país, que é o caminho viável, o que é muito vantajoso, porque ao mesmo tempo em que você diversifica essa exportação, você consegue diminuir o estrangulamento do sistema logístico no país em relação aos portos do Sul e Sudeste". 

Até por isso, as filas de caminhões parados nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) — os dois principais do eixo Sul-Sudeste em movimentação — pertencem ao passado, lembraram os especialistas. 
 

Copiar textoCopiar o texto
10/04/2024 00:09h

Estabelecimentos ficam em Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais

Baixar áudio

A China habilitou a exportação de soro fetal bovino de sete frigoríficos brasileiros. A informação foi confirmada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), nesta segunda-feira (8). 

Três estabelecimentos do estado de Goiás, dois em São Paulo, um no Mato Grosso do Sul e outro em Minas Gerais receberam a autorização das autoridades agropecuárias chinesas. 

O ministro do Mapa, Carlos Fávaro, comemorou a habilitação por, segundo ele, tratar-se da exportação de um produto de alto valor agregado. 

"Trago hoje um anúncio bem especial. Fomos comunicados da abertura de sete novos mercados brasileiros de soro fetal bovino. É altíssima tecnologia, biotecnologia retirada da bovinocultura, das vacas parideiras dos frigoríficos. Sete plantas vão poder processar esse produto de altíssimo valor agregado e vender para a China", disse. 

O soro fetal bovino é um insumo importante para o cultivo de células em laboratório. O componente contribui para avanços na pesquisa biomédica e na produção de vacinas e medicamentos. 

Em março, a China já havia habilitado a exportação de carne brasileira a partir de 38 plantas frigoríficas, sendo oito abatedouros de frango, 24 abatedouros de bovinos, um estabelecimento bovino de termoprocessamento e cinco entrepostos. 

Segunda maior economia do mundo, a China é o principal destino externo das carnes bovina, suína e de frango do Brasil. No ano passado, a parceria rendeu mais de US$ 8,2 bilhões para os pecuaristas brasileiros. 

Fávaro destacou que a pasta tem se esforçado não somente para abrir mercados, mas também para reforçar laços com parceiros consolidados. 

"Quarenta e nove países que nós não tínhamos relações comerciais com os produtos da agropecuária estão abertos, além das grandes ampliações. Só para a China reconectamos diversas plantas frigoríficas embargadas". 

Entre janeiro e março, o Brasil abriu 26 mercados em 18 países. O resultado é o melhor da série histórica para um primeiro trimestre, de acordo com a pasta. 

Abertura de mercados para o agro bate recorde histórico e cria oportunidades para novos produtos

Copiar textoCopiar o texto
31/03/2024 00:05h

Vendas no mercado interno sobem, mas exportações caem, segundo ABIMAQ

Baixar áudio

O setor de máquinas e equipamentos registrou um avanço de 16,7% na receita líquida em fevereiro de 2024 em relação ao mês anterior. Houve um aumento de 33,9% nas vendas no mercado interno, o que resultou no desempenho positivo em fevereiro na comparação com janeiro. No entanto, em relação ao mesmo período de 2023, o resultado do setor é negativo — a queda foi de 14%.  As informações foram divulgadas na última quarta-feira (27) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). 

As exportações, por outro lado, registraram queda de 20,8%. O mês de fevereiro encerrou com US$ 829 milhões em exportações de máquinas e equipamentos — valor inferior a janeiro, quando o segmento exportou US$ 1 bilhão. Em fevereiro, as exportações de máquinas e equipamentos recuaram em todos os setores monitorados, em relação ao mês anterior. Leonardo Silva, do departamento de Economia e Estatística da ABIMAQ, explica o resultado e fala sobre os desafios para o decorrer do ano.

“Um resultado que, em parte, estava dentro das expectativas devido a um comportamento sazonal típico neste período. Destacando que ainda temos desafios para este ano. O cenário base é um pouco adverso, o que é reflexo das condições de investimento no Brasil que permanecem sob pressão devido às altas taxas de juros, que apesar dos ciclos de cortes da Selic, ainda permanecem em um patamar restritivo”, afirma. 

Expectativas

A redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, é um ponto importante a ser observado para o resto do ano, segundo a ABIMAQ. Atualmente a taxa está em 10,75%. Leonardo Silva afirma que a expectativa é positiva para os resultados de março, que serão divulgados em abril.

“No que tange as expectativas para o decorrer do ano, elas ainda são de melhora dos números, em especial, para os valores dos últimos semestres. Há um reflexo mais forte dessa diminuição nas taxas de juros, mas tudo vai depender da magnitude que isso ocorra”, pontua. 

Emprego

A indústria de máquinas e equipamentos fechou o ano de 2023 com 395 mil funcionários. Em fevereiro de 2024, houve uma leve queda de 0,4% em relação a janeiro. Atualmente, 387.920 pessoas trabalham no setor.

Apesar de recorde nas exportações, receita do setor de máquinas e equipamentos cai 11%, em 2023
 

Copiar textoCopiar o texto
20/03/2024 00:20h

Açúcar, algodão, café verde e carne bovina foram os produtos que impulsionaram o mercado a quase 20% de aumento em comparação com o mesmo período do ano passado

Baixar áudio

Açúcar, algodão, café verde e carne bovina. Esses quatro produtos levaram o agronegócio brasileiro a ter um resultado positivo, no mês passado. “Nós temos uma produção muito grande, principalmente vinculada ao setor primário, ao agronegócio — e são grandes volumes de produtos exportados que acabam gerando um saldo positivo na balança comercial”, explica o advogado especialista em agronegócios Francisco Torma, ao comentar o desempenho do país que, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, teve desempenho recorde em fevereiro com relação ao mesmo período do ano passado..

A notícia pode até deixar o setor otimista, mas na opinião do Francisco Torma, o Brasil ainda carece de mais investimentos para que os produtos tenham maior competitividade e atratividade no mercado.

“Óbvio que temos desafios gigantescos, principalmente por estarmos num país com dimensões continentais. E quando nós trabalhamos política agrícola dentro de um país de dimensões continentais, nós vamos precisar fazer adaptações regionais”, analisa.

As exportações do agronegócio alcançaram cifras recordes para os meses de fevereiro, chegando a US$ 11,63 bilhões. O valor foi 19,7% superior na comparação com os US$ 9,71 bilhões exportados em fevereiro de 2023, correspondendo a um crescimento de US$ 1,91 bilhão nos valores exportados, conforme dados do MAPA.

A Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa) mostra os números do agro com relação aos produtos que se destacaram e que contribuíram para o crescimento das exportações em fevereiro de 2024: açúcar (+ US$ 1,06 bilhão); algodão (+ US$ 406, 55 milhões); café verde (+ US$ 313,06 milhões) e carne bovina (+ US$ 211,65 milhões).

Para o analista e consultor de SAFRAS & MERCADO Fernando Iglesias, não adianta ter um índice de produtividade espetacular dentro do seu ramo, mas na hora de comercializar, pecar em alguns aspectos básicos. 

“As regiões que nós temos maior preocupação nesse momento são as grandes regiões que produzem leite, aqui na região sul por exemplo, temos que considerar também os estados do Mato Grosso, alguns outros estados em que a quebra da soja foi mais expressiva e os produtores dessas regiões encontram maiores dificuldades. São dificuldades que poderiam ser mitigadas em caso de bom uso das ferramentas de gestão de risco e gestão de preço.”, salienta.

Exportações e importações

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a China continua sendo a principal parceira do agronegócio brasileiro, tendo adquirido US$ 3,60 bilhões em produtos do setor em fevereiro de 2024. O valor colocou o país asiático com 31,0% de participação nas exportações brasileiras do agronegócio no mês. Na sequência vêm os Estados Unidos com US$ 842 milhões.

As importações de produtos agropecuários passaram de US$ 1,34 bilhão em fevereiro de 2023 para US$ 1,44 bilhão em fevereiro de 2024 (+7,5%). Além desses produtos, houve aquisições de inúmeros insumos necessários à produção agropecuária, como: fertilizantes (US$ 640,47 milhões) e defensivos agropecuários (US$ 306,55 milhões).

Para o especialista em agronegócios Marcelo Moura, o país precisa continuar investindo, continuar recebendo incentivos para trazer sempre bons resultados para um setor que é responsável por movimentar a economia.

“Pra colher tem que plantar, e pra plantar precisa de insumos. Então são resultados bastante otimistas, quase 20% de crescimento para o mês. A gente espera que o ano, apesar das dificuldades, principalmente climáticas, que se anunciam, possa trazer novos resultados como esse”, deseja.

Copiar textoCopiar o texto
06/03/2024 00:01h

Apesar da alta na produção e exportação, alto custo de faz margem do produtor cair

Baixar áudio

Reconhecida internacionalmente, a força do agro brasileiro se reflete em números extensos. Só em 2023, a agropecuária movimentou cerca de R$ 680 bilhões.  A safra 2022/23 foi recorde, com alta de 15% — o maior da série histórica — e  que o ajudou a alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) do país, que fechou em 2,9%. 

Há anos, as culturas de soja e milho se destacam. Desde 2000, com a inclusão de tecnologia de  ponta nas lavouras, houve crescimento da produção e ganho de produtividade. A soja, no ano passado, aumentou 27,1% e o milho 19%. Nesse cenário, uma cidade do interior do Mato Grosso tem no nome um sentimento que vem traduzindo o sentimento de seus moradores: Sorriso. 

Há cinco anos, o município mato-grossense de menos de 100 mil habitantes responde sozinho por 1,4% de toda a soja e milho produzidos no Brasil. Além de algodão herbáceo (em caroço) e feijão. Em valor de produção, a cidade chegou a um montante de R$ 11,5 bilhões.  

A força do agro reflete nas oportunidades em outras áreas, como conta o prefeito Ari Lafin (PSDB). “A oportunidade da geração de empregos através do agro. A indústria se consolida no município, fortalece o comércio, instituições de ensino se instalam por aqui, assim como médicos, dentistas, advogados. É uma rede de geração de oportunidades que são geradas através da produção agrícola no nosso município”. 

PIB aumentou, mas a margem dos produtores não

O resultado positivo em 2023 é resultado da safra 2022, e segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, o Brasil aumenta a todo ano a safra pois ainda tem muita terra onde plantar. “Somos um dos únicos países que ainda temos potencial para aumentar”, acrescenta.  

Apesar disso, o cenário não é apenas de vitórias. Segundo o diretor-executivo, o real cenário para o produtor não é apenas de comemorações. “A gente tem um aumento de PIB, mas com custos muito altos e o produtor acabou ficando numa margem muito baixa, até com prejuízo. Estamos num momento muito ruim. Nos anos anteriores, estávamos num momento positivo, de comemoração. Mas hoje, tanto agricultura quanto pecuária, estão com preços não remuneratórios.” 

O diretor-executivo da Abramilho explica que, mesmo com o aumento da produção e das vendas, o alto custo de produção acaba reduzindo muito a margem de lucro do produtor. 

PIB: apesar de fechar 2023 em alta, atividade econômica mostra desaceleração no segundo semestre

O que faz do Brasil um campeão de exportações 

O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de soja do mundo. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média chega a 55,5 sacas por hectares com potencial de crescimento. Isso porque ainda existem muitos locais de pastagens degradadas — que podem ser usados no futuro para a expansão da lavoura, sem desmatamento. Especialista em direito econômico, o advogado Alessandro Azzoni explica que chegamos a esse nível por termos nos adequado às certificações exigidas internacionalmente. 

“Os nossos produtos são muito bem referenciados lá fora. A qualidade do grão da soja, do milho, frutas, carnes. Nossa proteína tem uma qualificação muito grande — desde o frango, boi, suínos. E o mundo é consumidor.”  

Entre os principais compradores do agro brasileiros, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) estão China (31,9%), União Europeia (16,1%) e Estados Unidos (6,6%).
 

Copiar textoCopiar o texto
29/02/2024 21:45h

Tensão diplomática entre os dois países após declarações do presidente Lula não deve respingar no comércio, avaliam especialistas. Se isso ocorrer, impacto seria pequeno, pois parceria não está entre as maiores do Brasil. Apesar disso, há cidades cuja pauta com Israel é relevante

Baixar áudio

Embora improvável, um embargo israelense ao Brasil por conta das declarações recentes do presidente Lula sobre a guerra em Gaza teria pouco impacto na balança comercial brasileira. É o que apontam especialistas em comércio exterior ouvidos pelo Brasil 61. Uma escalada da tensão entre os dois países, no entanto, poderia impactar, em maior grau, as exportações de municípios que têm em Israel um parceiro estratégico. 

Ex-diretor da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Márcio Coimbra diz que, por enquanto, a relação comercial entre Brasil e Israel não está em risco por conta da relação diplomática abalada. 

"O embargo israelense é algo factível, porém não é provável e nem vai acontecer nesse momento, porque as relações sofreram um abalo na frente política e não num nível que pode levar isso a um conflito na área comercial. O conflito na área comercial acaba sendo um desdobramento de uma relação política que chegou a um nível insustentável. Mas essa relação ainda não chegou nesse nível e eu não acredito que chegará", avalia. 

Um embargo econômico é uma medida adotada por um país para proibir ou limitar o comércio com outro país, o que se reflete nas exportações e importações bilaterais. 

Professora do departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora de comércio internacional do agronegócio, Krisley Mendes trata um embargo israelense como especulação. Ela considera difícil que os ataques do presidente Lula à atuação de Israel na Palestina impactem a relação comercial entre os dois países. 

"Israel tem demanda desses produtos [brasileiros]. As relações comerciais estão presas a questões de ganho mútuo. O governo israelense vai impedir que o empresário israelense compre do Brasil? Ele vai ter que enfrentar o interesse dos empresários israelenses, obrigá-los a comprar uma carne de menor qualidade, mais cara, em outro lugar do mundo, por exemplo. Não sei se isso é possível", analisa. 

Eventual embargo teria impactos locais

Ainda que seja cenário distante, o Brasil 61 buscou saber se um eventual embargo de Israel impactaria significativamente a balança comercial brasileira, em especial o agronegócio. 

Com exclusividade ao portal, a pesquisadora Krisley Mendes fez o levantamento a partir das bases de dados de comércio exterior das Nações Unidas e do governo brasileiro. 

Israel foi o 54º maior destino de produtos brasileiros no ano passado. O país localizado no Oriente Médio rendeu US$ 600 milhões num universo de US$ 340 bilhões, apenas 0,19% de tudo o que foi exportado pelo Brasil. "É bem pequeno", classifica Mendes. 

Segundo a pesquisadora, mesmo quando se observam os itens mais vendidos pelo Brasil aquele país nos últimos quatro anos, não se nota participação significativa. 

No ano passado, os óleos brutos de petróleo foram o principal item exportado para Israel. Ainda sim, representou apenas 0,3% do total de exportações brasileiras desse produto a nível internacional. 

A soja vendida aos israelenses, por sua vez, significou apenas 0,2% das vendas totais brasileiras do grão. Já quanto à carne bovina congelada, a participação foi de 1,5%, enquanto a do suco de laranja foi de 0,5% e, a do café, de 4,2%.

"Mesmo para esses produtos, Israel ainda é um destino irrelevante", aponta. 

Se as exportações são pouco significativas para o país, em geral, o mesmo não se pode dizer em relação a alguns municípios brasileiros, cujas vendas para Israel têm peso importante na balança comercial. 

Em destaque está São Félix do Xingu, no Pará. Dos quase US$ 23 milhões – equivalente a R$ 114 milhões – que o município exportou em produtos no ano passado, Israel foi responsável por 88%. 

Já no município paulista de José Bonifácio as exportações totalizaram pouco mais de US$ 18 milhões, sendo que 16% embarcou rumo a Tel Aviv. 

Em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, as vendas para o país do Oriente Médio representaram 21% dos cerca de US$ 16,7 milhões exportados, enquanto em Anastácio, Mato Grosso do Sul, 22% dos US$ 10 milhões em vendas ao exterior. 

Segundo a pesquisadora, um eventual embargo poderia abalar as contas dessas cidades. "Às vezes não é importante para o Brasil, mas é para um município em que toda dinâmica está em torno da exportação para Israel", lembra. 

Importações

Israel ocupa entre a 28ª e a 35ª posição entre as origens das importações brasileiras. No ano passado, dos US$ 241 bilhões que o Brasil importou, US$ 1,4 bi – cerca de 0,6% – vieram de lá. 

O principal item da pauta são os fertilizantes, dos quais o Brasil  depende para a produção nas lavouras. Ao contrário das exportações, Israel têm participação importante em alguns produtos, aponta a pesquisadora. 

No ano passado, os fertilizantes de cloretos de potássio representaram 9% de tudo o que o Brasil comprou no exterior, enquanto aqueles de superfosfatos significaram 22%, por exemplo. Também usados pelo agro, os inseticidas comprados de Israel foram 9% do total, enquanto os herbicidas, 25%. 

Krisley diz que, além de Israel, outros países são grandes exportadores desses produtos, o que permitiria ao Brasil abrir novas frentes em caso de embargo. 

Janeiro de 2024 registra superávit recorde da balança comercial brasileira

Acordo com União Europeia deve ser prioridade, aponta Conselho Industrial do Mercosul

Ambientes econômicos globais melhoram pelo quarto mês consecutivo

Copiar textoCopiar o texto
16/02/2024 04:15h

Conab estima redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior

Baixar áudio

Desde o ano passado, produtores de milho enfrentam dificuldades no plantio e colheita do grão. Por causa das condições climáticas, principalmente influenciadas pelo fenômeno El Niño, as regiões produtoras não têm passado por bons momentos no Brasil. Para a safra 2023/2024, a produção total está estimada em 117,6 milhões de toneladas — uma redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior —, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

As perspectivas com o milho 1ª safra —  na estimativa de janeiro da companhia — são de produtividades menores, com exceção do Sul do país, que registrou aumento de 13%, na comparação das safras 2022/23 e 2023/24. 

Já o Nordeste teve variação negativa de 13%; o Sudeste de 9%; o Norte de 7% e o Centro-Oeste de 3%. Além das questões climáticas, as pragas também aumentaram, prejudicando o desenvolvimento das lavouras. 

De acordo com a análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a falta de margem positiva para o milho em 2023 deixou o produtor indeciso sobre investir ou não na cultura.

Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina, diz que, no último ano, os produtores não tinham nem como pagar os custos da lavoura, já que a produção do milho tem um custo bem maior do que a da soja, por exemplo.

“Não há nenhum estado brasileiro que diga: eu vou colher minha safra e pagar minhas contas. Pelo contrário, ainda estamos plantando a safrinha, que é o grande volume da safra de milho brasileira, já que se projetava uma safra de mais de 130 milhões de toneladas, dos quais a safra foi em torno de 24, e o restante era safrinha, então ninguém consegue hoje dimensionar qual vai ser a área plantada de milho — qual vai ser o volume e a que preço”, comenta. 

Mesmo assim, o Brasil foi o maior exportador de milho do mundo na safra 2022/2023, sendo responsável por 32% das exportações mundiais — 56 milhões de toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Já os Estados Unidos, que lideram o mercado de milho há mais de um século, exportaram cerca de 23%. 

Perspectivas

O engenheiro agrônomo Charles Dayler avalia que, até o segundo semestre de 2024, os produtores terão os mesmos problemas do fim do ano passado, só que mais brandos, já que o El Niño vai perdendo força. Portanto, as chuvas intensas e as temperaturas extremas são preocupantes.

“Tudo isso vai afetar. Tanto a questão de colheita, a maturação da planta e também afeta a questão de pragas, porque dependendo da variação de temperaturas, você pode ter um tempo maior com a temperatura favorável para as pragas que atacam as lavouras. Tudo isso deve ser levado em consideração, pensando no que vai ser plantado neste ano”, explica.

Ele analisa ainda o que pode ajudar a melhorar esse cenário: “A gente pode tentar monitorar melhor o tempo, acompanhar bem as previsões do Inmet. Estar sempre preparado para a questão de replantio, porque uma vez que você coloca a semente no campo, a chuva pode não vir, então você tem que estar sempre preparado para isso”, reforça. 

A produção brasileira de grãos, em geral, deve chegar a 306,4 milhões de toneladas, segundo o 4º levantamento da safra 2023/24, divulgado pela Conab no mês passado. Se confirmado, o volume representa uma queda de 13,5 milhões de toneladas em relação à safra 2022/23.

Copiar textoCopiar o texto
09/02/2024 00:05h

Indústria de transformação e comércio são os que mais crescem e oferecem oportunidades

Baixar áudio

Se tem um lugar da casa onde é difícil cortar do orçamento é a cozinha. E se a comida movimenta o mercado, estimula a economia, ela também gera emprego. Segundo o informativo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Emprego no Campo, em dezembro de 2023 464 postos de trabalho foram gerados no setor de Comércio Atacadista de Frutas, verduras, hortaliças e legumes frescos. 

O produtor rural Rafael Corsino é dono de fazendas no DF e em Goiás — que produzem alho, cebola e cenoura. Ele conta que a diversidade de formas de plantio e mão de obra variam muito de acordo com cada região no país. Ele dá o exemplo da região Sul, que planta a cebola em maio e junho. “E colhe no final do ano. Então a contratação deles é no final do ano. Novembro, dezembro é a época de contratação  —e eles começam a vender no primeiro semestre.” 

Tanto no Sul quanto no Nordeste, a mão de obra costuma ser mais vasta, já que a maioria são pequenos e médios produtores que usam menos máquinas e tecnologia. 

A variação do fator clima

 Clima. Imprevisível e incontrolável, esse fator é um dos que mais influenciam o agronegócio no mundo. E no Brasil, o ano de 2023 teve fenômenos atmosféricos que se impuseram: La Niña e El Niño. Eles influenciaram não só na produção, como na empregabilidade do setor, como explica Corsino.

“O clima, que saiu da La Nina para o El Niño, e vai continuar até setembro, teve uma influência direta na produção, na produtividade, nas perdas — que foram muitas — contratações e nas dispensas em função do clima.”

A carne é o ouro do Brasil 

Brasil. O maior exportador de carne bovina do mundo também demanda mão de obra para o processamento do produto. Segundo o levantamento da CNM, foram criados 11.856 postos de trabalho em 2023 dentro de frigoríficos, com o abate de bovinos. 

A cidade de Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná, com 36,8 mil habitantes, teve um salto gigantesco na geração de empregos depois da instalação do maior frigorífico da América Latina, no final de 2022. O crescimento foi de 769% — passando de 284 postos de trabalho em 2022 para 2.464 em 2023 — levando a cidade para a oitava colocação no ranking de empregabilidade do estado.

No estado vizinho, Santa Catarina, onde a produção de aves e suínos é o forte, 2023 fechou com US$ 3,2 bilhões em exportações. Para o diretor-executivo do Sindicarne-SC, Jorge Luiz de Lima, o aumento nos postos de trabalho no setor são reflexo dos investimentos que as agroindústrias vêm fazendo no setor ao longo dos últimos cinco anos.

“As principais agroindústrias do setor — não importa o porte, se são pequenas, médias ou grandes — todas elas têm investido de maneira a ampliar seu parque fabril, a agregar tecnologia e a trazer novos e diferentes sistemas dentro do processo produtivo.” 

Segundo o diretor, isso agrega conhecimento, qualificação de pessoal, não só garantindo as vagas de trabalho existentes, mas agregando outras. Ele ainda ressalta que “para cada vaga direta de emprego criada, outros oito postos de trabalho indireto são criados.” 
 

Copiar textoCopiar o texto
07/02/2024 10:00h

A remessa faz parte de um acordo de distribuição comercial e marketing com a Glencore

A Sigma Lithium Corporation concluiu seu sexto embarque de concentrado de lítio para a Glencore AG. O volume destinado somou 22 mil toneladas e saiu do Porto de Vitória. Para aquisição do concentrado de lítio, a Glencore efetuou um pré-pagamento de 50% do valor do sexto carregamento. Este pré-pagamento reflete o preço premium a um valor provisório de 7,5% do hidróxido de lítio na LME (média China, Japão, Coreia do Sul) para o exclusivo concentrado de Lítio Verde Quíntuplo Zero da empresa. A remessa faz parte de um acordo de distribuição comercial e marketing com a Glencore, que visa construir uma cadeia de fornecimento global de lítio de baixo carbono, ambiental e socialmente sustentável para veículos eléctricos.

"A nossa planta greentech atingiu 270 mil toneladas de capacidade nominal anualizada há apenas alguns meses e já conseguiu alcançar a consistência e a cadência de produção fornecidas apenas por produtores de grande escala”, disse Keith Prentice, co-diretor geral da Sigma. Para Catarina Noci, diretora comercial, a Sigma é a mais recente participante em um mercado global de lítio altamente competitivo. “Nosso sucesso comercial significativo é o resultado das propriedades técnicas únicas do nosso concentrado de lítio, incluindo a sua elevada pureza e granulometria."

A Sigma Lithium conseguiu industrializar um Lítio Verde Quíntuplo Zero único, reconhecido na COP28 como o lítio mais sustentável do mundo. A produção de lítio da Sigma  tem como características ser Carbono líquido zero: Primeiro produtor em grande escala na indústria do lítio a atingir a neutralidade de carbono; Zero energia a carvão na fábrica greentech: 100% de energia renovável; Zero barragem de rejeitos: 100% de rejeitos empilhados a seco; Zero utilização de água potável: Tratamento de esgoto para resíduos fecais sólidos para a água de entrada da planta greentech e a Utilização zero de produtos químicos perigosos no processamento do concentrado de lítio.

Copiar textoCopiar o texto