Agricultura

19/04/2024 03:00h

A expectativa é do senador Laércio Oliveira (PP-SE), autor do projeto de lei. Proposta suspende uma série de tributos das empresas que desejarem investir na produção de fertilizantes e insumos no país

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Autor do projeto de lei que cria o Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes (Profert), o senador Laércio Oliveira (PP-SE) disse ao Brasil 61 nesta quinta-feira (18) que a produção nacional desses compostos fundamentais para a agricultura pode suprir 30% da necessidade do país em cinco anos. 

Segundo o parlamentar, esse é o tempo necessário para que, aprovado o projeto de lei, os investidores sejam atraídos a instalarem fábricas para a produção de fertilizantes no Brasil. 

"Implantar fábrica, começar a produção e abastecer o mercado nacional na ordem de 30% é a primeira expectativa que a gente tem para os próximos cinco anos. A gente ainda fica com uma dependência enorme do mercado internacional, mas pelo menos a gente melhora um pouco", projeta. 

Hoje, a produção interna só garante 13%, enquanto 87% dos fertilizantes vêm do exterior, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O Profert – proposto no PL 699/2023 – é uma das iniciativas que buscam diminuir a dependência brasileira das exportações. 

Incentivo à produção nacional

O Profert tem como alvo as empresas que tenham projetos para implantar, ampliar ou modernizar a infraestrutura para a produção de fertilizantes e de seus insumos. 

O texto diz que os ministérios de Minas e Energia e da Agricultura e Pecuária serão os responsáveis por avaliar e aprovar os projetos de produção de fertilizantes. 

Segundo o projeto de lei, as empresas que venderem no mercado nacional ou importarem máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos novos para a produção de fertilizantes terão suspensos os pagamentos de uma série de impostos. 

  • PIS/Pasep e Cofins incidentes sobre a receita da empresa vendedora;
  • PIS/Pasep-Importação e Cofins-Importação;
  • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente na saída do estabelecimento industrial;
  • IPI vinculado à importação;
  • Imposto de Importação. 

De acordo com o PL, a suspensão dos tributos pode se converter em isenção depois que os bens e materiais de construção forem usados para a execução dos projetos. 

Enquanto o Profert estiver em vigor, as empresas beneficiadas serão isentas também do pagamento do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre as mercadorias voltadas para a produção de fertilizantes. 

A suspensão com posterior isenção de tributos para as empresas do Profert caberá não apenas na compra de bens, mas na aquisição ou importação de serviços. Empresas que prestarem serviço a beneficiárias do Profert terão suspensos os pagamentos da contribuição para o PIS/Pasep e a da Cofins incidentes sobre a receita. Os projetos do Profert também terão suspensos o PIS/Pasep-Importação e a Cofins-Importação. 

O aluguel de máquinas e equipamentos também terá suspensão de tributos federais. 

As alíquotas do Imposto de Renda incidente sobre os valores relativos à contratação de serviços por empresas do Profert, bem como da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), serão zeradas. 

Segundo a proposta, as empresas poderão usufruir do regime especial de tributação por cinco anos a partir da publicação da lei. 

No Senado, o texto teve mudanças. Uma delas autoriza as empresas do Profert a emitir debêntures incentivadas. As debêntures são como títulos de dívidas que as empresas podem emitir para captar recursos no mercado, com investidores. São incentivadas, porque quem compra esses títulos têm zerada a cobrança de Imposto de Renda sobre o lucro, caso seja pessoa física, ou a alíquota reduzida para 15%, se for pessoa jurídica. 

Próximos passos

Laércio Oliveira acredita que o projeto possa ser aprovado e sancionado antes do recesso parlamentar do meio do ano. "Há um engajamento total do governo, principalmente do Ministério da Agricultura, e isso facilita bastante pela necessidade que o país tem, mas a gente precisa primeiro da tramitação legislativa e a chegada dele na Câmara abre um novo momento. A gente está muito animado com a perspectiva de os líderes compreenderem a necessidade do projeto e acelerar a votação dele lá", pontua. 

O texto já foi aprovado no Senado e, agora, aguarda parecer do deputado federal Júnior Ferrari (PSD-PA), na Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara. O PL também terá que passar pelos colegiados de Indústria, Comércio e Serviços; Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; Finanças e Tributação (CFT); e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). 

A proposta tem apreciação conclusiva pelas comissões, o que significa que não precisará passar pelo Plenário. 

Quando era deputado, Laercio apresentou um projeto semelhante. Trata-se do PL 3071/2021, que também foi aprovado no Senado e, agora, aguarda decisão da CFT e da CCJ, na Câmara. Enquanto senador, ele decidiu apresentar uma nova proposta, o PL 699/2023. 

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16/04/2024 18:40h

Diretoria de Irrigação da Pasta promoverá uma oficina no estado para saber melhor as demandas da região. A seleção prévia leva em conta a relevância da produção irrigada para a região

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O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e o governo do Mato Grosso do Sul debatem ações para a criação de um polo de irrigação no estado, que se tornará o 13º do País. A premissa básica dos Polos de Agricultura Irrigada é apoiar o setor. A seleção prévia dos polos passa pela avaliação do MIDR, com base em requisitos como a presença de associação de irrigantes, a relevância da produção irrigada para a região e potencial de expansão ou de aumento de produtividade com a adoção de técnicas mais eficientes de irrigação.

O MIDR é responsável pela condução da Política Nacional de Irrigação (PNI), que tem o objetivo de alavancar a agricultura irrigada a partir de um trabalho conjunto entre as organizações de irrigantes e as diversas esferas de governo. A Pasta também é responsável pelo planejamento setorial e territorial de regiões irrigadas no Brasil, aliando as demandas dos produtores rurais com as parcerias e políticas públicas de governo.

O assunto foi debatido em reunião virtual entre MIDR, representado pela diretora de Irrigação, Larissa Rêgo, secretários do governo estadual e integrantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Nós fizemos uma reunião para fazer uma integração dos órgãos federais, estaduais e municipais para o reconhecimento do polo, mas antes precisamos entender quais são as principais demandas da região para desenvolvimento regional, geração de emprego, renda e montar uma carteira de projeto”, destacou Larissa Rêgo.

“As reuniões começaram no início de abril, e o estado vem dando continuidade na organização da data para nós irmos. A partir daí, vamos analisar o tamanho do polo, as perspectivas das associações de irrigantes”, completou a diretora de Irrigação do MIDR.

De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) Jaime Verruck, a irrigação tem tido forte expansão no Mato Grosso do Sul. “Temos desafios como a oferta de energia e a logística. Mas é um projeto prioritário do governador Eduardo Riedel”, salientou. Ele lembra ainda que o Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) tem linhas específicas para o setor já priorizadas.

“Os produtores podem buscar recursos do FCO para projetos”, salientou. Neste ano foram mais de R$ 20 milhões em projetos de irrigação aprovados pelo FCO em inúmeros municípios do Estado como Dourados, Nova Andradina, Itaporã e Bandeirantes.

Diagnóstico das potencialidades

Segundo o secretário-executivo de Desenvolvimento Sustentável, Rogério Beretta, que também acompanhou o encontro, a Semadesc  prepara um Plano Estadual de Irrigação e a criação de um polo junto ao MIDR, que serão mais um passo nesta direção. “Estamos fazendo um diagnóstico para verificar as potencialidades da atividade no Estado, e qual a região mais adequada para receber o polo de Irrigação com ajuda do Governo Federal. Por isso, durante o  encontro, ficou definido que faremos um estudo sobre os prováveis locais, para depois novamente nos reunirmos com o Ministério e dar andamento neste projeto”, finalizou Beretta.

Hoje existem no Brasil 12 polos apoiados pelo Governo Federal, que recebem atenção especial, com ações que vão desde o repasse de recursos para o desenvolvimento da produção até o planejamento de ações e a articulação com outros órgãos.

São eles o Polo de Agricultura Irrigada da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria e Polo de Irrigação Noroeste Gaúcho, no Rio Grande do Sul; Polo de Irrigação Sustentável do Vale do Araguaia e Polo de Irrigação do Planalto Central de Goiás, em Goiás; Polo de Irrigação Oeste da Bahia, na Bahia; Polo de Irrigação Sustentável do Sul do Mato Grosso, Polo de Agricultura Irrigada Araguaia-Xingu e Polo de Irrigação Sustentável do Médio Norte de Mato Grosso, em Mato Grosso; Polo de Irrigação Sustentável do Noroeste de Minas, em Minas Gerais; e Polo de Irrigação do Sudoeste Paulista, em São Paulo; Polo de Agricultura Irrigada do Norte Capixaba, no Espírito Santo; e Polo de Irrigação Sustentável do Oeste Potiguar, no Rio Grande do Norte.

Fonte: MIDR

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02/04/2024 17:55h

Em entrevista ao Canal Rural, nesta segunda-feira (1º), ministro da Agricultura também reafirmou desejo de ampliar seguro rural e recomendou a produtores afetados pelo clima e por queda nos preços a renegociarem dívidas

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Em entrevista exclusiva ao Canal Rural, nesta segunda-feira (1), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou que a pasta vem batendo recordes de abertura de mercados para o agronegócio brasileiro, incluindo a habilitação de 38 novas plantas frigoríficas para exportação junto à China e outras 27 junto às Filipinas, em março. Ele também disse que o governo pretende anunciar o maior Plano Safra da história ao fim do primeiro semestre deste ano. 

Fávaro explicou que o esforço da pasta para a criação de laços comerciais tem gerado bons resultados para os produtores brasileiros. "O Brasil, nesses 15 meses do presidente Lula, abriu 104 mercados. Um recorde absoluto. Passamos a ter relações comerciais com 49 países que nós não tínhamos relações com produtos do agro", disse. 

O ministro ressaltou que a abertura de novos mercados para a agropecuária brasileira foi acompanhada da ampliação de relações comerciais com parceiros estratégicos. "Tivemos reunião com o setor de carnes, preocupados com abertura maior de mercado e, imediatamente, o presidente Lula acionou o vice-presidente e — ao final da negociação com a China — olha o resultado: 38 novas plantas num dia só. No mesmo dia, Filipinas [habilitaram] 27 plantas brasileiras", enfatizou. 

Maior Plano Safra da história

Segundo o ministro, há um diálogo bem encaminhado com o Ministério da Fazenda no sentido de disponibilizar o maior volume de recursos da história do Plano Safra — política pública de fomento à produção rural brasileira. Para a safra da temporada 2023/2024, o governo disponibilizou cerca de R$ 364 bilhões, entre recursos para custeio, comercialização e investimentos. 

"Estamos trabalhando para fazer um [Plano Safra] ainda maior em 24/25. É claro que isso depende da capacidade orçamentária, mas tem estratégias sendo montadas pelo nosso ministro Fernando Haddad. Nós estamos muito confiantes, ouvindo a sociedade civil organizada e, na medida, em que a gente vai colhendo as propostas, dialogando com o Ministério da Fazenda, tenho certeza que anunciaremos, na virada do semestre, o maior plano safra da história do Brasil", projetou. 

Seguro rural

A limitação orçamentária foi apontada pelo ministro como um entrave para o desejo do Mapa de ampliar o valor destinado ao seguro rural, que está em torno de R$ 950 milhões. O seguro rural é um instrumento que permite aos produtores se protegerem contra perdas decorrentes, principalmente, de fenômenos climáticos adversos, como chuvas em excesso ou estiagens prolongadas. 

Representantes dos produtores estimam que seriam necessários cerca de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões para o seguro rural. "Há necessidade de mais, afinal de contas as intempéries climáticas viraram realidade e estão causando bastante danos às lavouras. As apólices estão mais caras, o custo de produção mais caro — e isso requer que o governo esteja participando mais. Eu já pleiteei, no ano passado, um bilhão a mais com o ministro Haddad, mas entre precisar e ter o recurso disponível há uma lacuna", lamentou. 

Uma das alternativas em estudo, disse Fávaro, é remanejar parte dos recursos do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) para a ampliação do seguro rural. 

Renegociação de dívidas

As dificuldades climáticas e a queda no preço das commodities agropecuárias — como a soja e o milho —, prejudicaram as contas de diversos produtores pelo país. Durante a entrevista, Fávaro destacou decisão recente do Conselho Monetário Nacional (CMN) que autoriza os produtores rurais de 16 estados a renegociarem dívidas do crédito rural, com vencimento este ano. 

"Você produtor ou produtora que teve problema climático e teve problema de preço, não teve renda e não consegue pagar os seus custeios, faça um laudo agronômico com seu engenheiro, com a assistência técnica, procure as agências bancárias o mais rápido possível e peça a renegociação desse custeio", orientou. 

Os produtores precisam pedir a renegociação das dívidas até 31 de maio. 
 

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01/04/2024 18:44h

Responsável pela condução da Política Nacional de Irrigação (PNI), o MIDR atua com o objetivo de alavancar o tema a partir de trabalho conjunto entre organizações e diversas esferas de governo

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O Governo Federal instituiu nesta quarta o Dia 15 de Junho como o Dia Nacional da Agricultura Irrigada. De acordo com o texto da publicação, as comemorações relativas à data comemorativa poderão ocorrer, especialmente, por meio de exposições, de seminários, de palestras e de outros eventos ou ações que contribuam para a divulgação e para a valorização da agricultura irrigada.

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) é responsável pela condução da Política Nacional de Irrigação (PNI), que tem o objetivo de alavancar a agricultura irrigada a partir de um trabalho conjunto entre as organizações de irrigantes e as diversas esferas de governo. A Pasta também é responsável pelo planejamento setorial e territorial de regiões irrigadas no Brasil, aliando as demandas dos produtores rurais com as parcerias e políticas públicas de governo.

“Desde o dia que eu assumi o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, temos colocado muito claramente que a política de irrigação é prioritária, pois é ordem do presidente Lula”, afirmou Waldez Góes. “Esta é uma política pública de muito potencial e que pode contribuir fortemente para o desenvolvimento do nosso País. O ministro-chefe da Casa de Civil, Rui Costa, inclusive, vem nos escutando e estamos estruturando para a irrigação entrar no Novo PAC”, adiantou o ministro.

O MIDR já reconheceu 12 Polos de Irrigação no âmbito da PNI, sendo três em Mato Grosso, dois em Goiás, dois no Rio Grande do Sul, um na Bahia, um em Minas Gerais e um em São Paulo.

São eles: Polo de Agricultura Irrigada da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria e Polo de Irrigação Noroeste Gaúcho, no Rio Grande do Sul; Polo de Irrigação Sustentável do Vale do Araguaia e Polo de Irrigação do Planalto Central de Goiás, em Goiás; Polo de Irrigação Oeste da Bahia, na Bahia; Polo de Irrigação Sustentável do Sul do Mato Grosso, Polo de Agricultura Irrigada Araguaia-Xingu e Polo de Irrigação Sustentável do Médio Norte de Mato Grosso, em Mato Grosso; Polo de Irrigação Sustentável do Noroeste de Minas, em Minas Gerais; e Polo de Irrigação do Sudoeste Paulista, em São Paulo; Polo de Agricultura Irrigada do Norte Capixaba, no Espírito Santo; e Polo de Irrigação Sustentável do Oeste Potiguar, no Rio Grande do Norte.

A premissa básica dos Polos de Agricultura Irrigada é apoiar o setor. A seleção prévia dos polos passa pela avaliação do MIDR, com base em requisitos como: presença de associação de irrigantes, relevância da produção irrigada para a região e potencial de expansão ou de aumento de produtividade com a adoção de técnicas mais eficientes de irrigação.

Fonte: MIDR

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13/03/2024 19:30h

Projeto de Lei que tramita na câmara prevê que saldos não retirados pelos beneficiários pode ajudar agricultores em momentos de crise

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OEl Niño mudou o cenário da agricultura brasileira no ano passado, alterando padrões de temperatura e precipitação. Para a região Sul, o fenômeno climático levou chuvas torrenciais. Já o Norte e o Nordeste sofreram com secas severas. O efeito disso foi sentido na safra agrícola de 2024, que promete ser pelo menos 4,7% menor que a de 2023. 

No meio desse cenário está o produtor rural, que por mais que faça tudo de forma correta está sempre refém do clima, das pragas e doenças do campo. Mas um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados prevê a ampliação do programa de subsidia o Seguro Rural para os produtores. É o PL 209/24 de autoria do deputado Domingos Neto (PSD-CE). 

A proposta que altera a Lei do Seguro Rural autoriza o uso do saldo remanescente das contas de PIS/Pasep para ampliar esses recursos, como explica o autor da proposta.

“Nós apresentamos um projeto para que o fundo que ainda existe no PIS/Pasep, antes de 1988, nessas contas que somam mais de R$ 23 bilhões, possam ser destinados ao Seguro Rural.”


O que é o Seguro Rural

O Seguro Rural é um programa de governo que ajuda os produtores rurais a custear o seguro contra perdas decorrentes de fenômenos climáticos adversos e pragas. O auditor contábil, especialista em finanças e processos de M&A e sócio da Evoinc, Mariano Soares, explica que “a subvenção do prêmio do seguro rural, por sua parte, é uma forma de apoio em que o governo cobre parte dos custos do seguro, tornando-o mais acessível para os agricultores.”
 
“Isso é especialmente importante em um país como o Brasil, onde muitas regiões agrícolas são suscetíveis a variações climáticas extremas. A medida pode encorajar os produtores a investir mais em suas lavouras e produções, sabendo que têm uma rede de segurança mais robusta”. 


Como funcionam os saldos do PIS/Pasep?

Os saldos remanescentes do PIS/Pasep referem-se aos fundos acumulados nas contas desses programas que não foram sacados pelos beneficiários dentro do prazo estipulado. Segundo Mariano Soares, “ambos tratam de contribuições sociais destinadas a financiar o pagamento do seguro-desemprego, abono e participação na receita dos órgãos e entidades para trabalhadores públicos e privados". 

Com o tempo, alguns desses recursos não são reclamados ou sacados pelos beneficiários, resultando em saldos remanescentes. Segundo o auditor, “nos últimos anos, também houve iniciativas para permitir o saque desses fundos por um período limitado, visando estimular a economia ao proporcionar um recurso extra para os cidadãos elegíveis”.

Reinvestir na origem do dinheiro

Mesmo sendo a favor do que propõe o PL 209/24, o professor de economia da FAAP de São Paulo, Sillas Sousa, faz uma ponderação. 

“Como esse recurso vem do mundo do trabalho, entendo que um uso muito mais adequado seria no investimento, por exemplo, em recursos humanos mesmo. Acredito que esse recurso seria mais aproveitado se ele fosse encaminhado para alguma iniciativa relativa ao aumento de produtividade, como educação, pesquisa, ciência e tecnologia”.

Para o professor, o setor agrícola já tem subsídios suficientes para custear o próprio funcionamento. “A indústria precisa de incentivos, e sem investir em capacitação, o país acaba ficando para trás”, avalia Sillas Sousa. 

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04/03/2024 19:25h

Iniciativa beneficiará cerca de 130 mil agricultores familiares de municípios da região Nordeste e do Norte de Minas Gerais com reconhecimento de emergência em decorrência da seca

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O Conselho Monetário Nacional, o CMN,  aprovou o pedido do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, o MIDR, para a criação de linha emergencial de crédito rural de custeio pecuário com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, o FNE.

A iniciativa beneficiará cerca de 130 mil agricultores familiares de municípios da região Nordeste e do Norte de Minas Gerais com reconhecimento de emergência em decorrência da seca.

O crédito destina-se ao custeio pecuário, abrangendo a alimentação do rebanho, recuperação ou preservação das atividades pecuárias, sendo proibida a aquisição de animais com os recursos. Os valores variam de R$ 10 mil a R$ 80 mil.

Para Eduardo Tavares, secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do MIDR, , a nova linha está em conformidade com a prioridade do Governo Federal de ajudar quem mais precisa.

“Essa agenda é transversal e está diretamente alinhada com as prioridades estabelecidas pelo Governo Federal, que consistem em apoiar as cidades afetadas por desastres climáticos, assegurando segurança alimentar, segurança hídrica e oferecendo suporte às pessoas mais necessitadas”, informou o secretário.

A linha de crédito emergencial não terá um limite específico, ficando condicionada às disponibilidades de recursos programados do FNE para o ano corrente. A taxa de juros varia de 0,5% a até 8% ao ano, com prazo de pagamento estendido para cinco anos, incluindo um período de carência de 12 meses.

Os produtores dessas regiões também serão beneficiados com a renegociação de dívidas. A ação tem potencial de beneficiar 586 mil contratos que somados podem chegar a 8 bilhões e 200 milhões de reais.

Para mais informações sobre desenvolvimento regional, acesse: mdr.gov.br

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26/02/2024 00:03h

Exportações do agronegócio cresceram 14,8% em janeiro

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Depois de passar por um período difícil, os produtores de soja estão um pouco mais otimistas com as projeções para 2024. Apesar de não serem tão animadoras, pelo menos a melhoria dos preços pode ser um alívio para o setor. Com a previsão de fim do El Niño em abril — que em 2023 provocou fortes chuvas e temperaturas extremas em todo o país —, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a expectativa também é positiva.

No entanto, alguns desafios ainda devem ser enfrentados pelos produtores de grãos, conforme explica o presidente da Aprosoja do Mato Grosso, Lucas Costa.

“Nós temos que lembrar que mesmo o Mato Grosso que tem as sojas mais tardias, e que estão recebendo melhores chuvas, por outro lado essa soja foi semeada fora do fotoperíodo adequado e isso já interfere na produtividade. E estamos tendo uma grande pressão de pragas como percevejo e a mosca branca ,que é o que mais preocupa: além de ter um alto custo para controlar, já há notícia no mercado que está faltando defensivo para o controle e a pressão muito alta, causando prejuízos”, ressalta. 

Apesar do fenômeno El Niño estar perdendo força no país, outra preocupação é o La Niña, que deve fazer com que a região Sul sofra com a seca, além de causar chuvas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste.  

Para o engenheiro agrônomo Charles Dayler, a situação deve melhorar no segundo semestre deste ano, mas os efeitos ainda devem ser sentidos por mais tempo. 

“Pode ter problema de replantio, que vai atrapalhar o cronograma — e isso vai afetar diretamente o preço. Pode ter perdas de insumos, as possibilidades são grandes. E para esse ano, o resultado infelizmente é negativo, porque as commodities agrícolas pesam bastante na balança comercial brasileira. Então vai haver sim um impacto negativo pensando na safra deste ano. No ano que vem a tendência é que a gente tenha uma recuperação, mas vai ser um ano ainda com algum desafio”, avalia. 

Preços

Gelson Giombelli, produtor de milho, soja e trigo em Descanso, em Santa Catarina, diz que 2024 também não começou muito bem, mas tem esperança que as coisas melhorem. O milho colhido em janeiro foi abaixo do esperado. 

“Foi em torno de 80, 100, nessa base. Pelos investimentos que a gente faz teria que colher entre 200 e 220 sacas por hectare. E a expectativa boa é para a soja, que está muito bonita, agora que começou a chover bem. Vamos ver se se concretizar é a soja que vai nos salvar”, avalia. 

Ele conta que no início do ano passado chegou a vender a saca de soja por R$ 180  — e agora está custando pouco mais de R$ 100. O milho, a mesma coisa, era R$ 100 e agora está R$ 54. 

O relato de muitos produtores é que, ainda hoje, a conta não fecha. Quem colheu mais consegue cobrir os custos de produção ou nem mesmo isso, para os que não tiveram uma boa colheita, como diz  Ivan Brucceli, produtor de milho e soja de Rio Verde, no estado de Goiás.

“Os custos precisam realmente reduzir. Tem vários produtos que estão caros, as sementes estão muito caras, inviabilizando o plantio do produtor. Hoje praticamente o que ele vai gastar é o que ele vai colher. Então não adianta ele se apavorar e fazer o plantio do jeito que está porque já entra o plantio sem perspectiva de renda”, comenta. 

Exportações

Em janeiro deste ano, as exportações do agronegócio cresceram 14,8%, chegando a US$ 11,72 bilhões. Houve expansão do volume embarcado de grãos, passando de 9,5 milhões de toneladas no mesmo mês de 2023 para 11,38 milhões de toneladas em janeiro de 2024 — um aumento de 19,7% —, sendo o complexo soja responsável por 21,4% do valor total exportado. 

A soja atingiu o recorde de US$ 2,5 bilhões. Foram 2,85 milhões de toneladas exportadas em janeiro de 2024, volume 240,0% superior quando comparado com 2023. A maior importadora de soja em grãos do Brasil é a China — 69% do valor exportado.

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18/02/2024 19:45h

Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Paraná e São Paulo são estados mais afetados

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Com a economia baseada na agricultura, principalmente na produção de soja, o Mato Grosso foi o estado que mais sentiu o impacto das condições climáticas, que resultaram em dificuldades no último ano para os produtores e as perspectivas não são as melhores para esta safra. 

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), os estados com situação mais crítica, em 2023, foram Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Paraná e São Paulo, respectivamente.  

Em Sorriso, município de Mato Grosso e um dos principais produtores de soja do país, a saca de 60 kg chegou a custar R$ 90 — valor que não cobre nem os custos da produção, segundo o presidente da Aprosoja, Antônio Galvan. 

“Quem colheu dentro normalidade, entre 50 e 60 sacas de soja, já teve dificuldade de pagar os custos da produção nesses preços.  Agora imagina aquele produtor atingido que está colhendo entre 20 e 30 sacas de soja por hectare, como ele vai fazer para cumprir com os compromissos? Quando falamos de custos de produção ainda tem os investimentos, porque não tem ninguém que não tenha sempre de 5% a 10% do seu faturamento de investimento na propriedade", ressalta. Ele lembra também os investimentos necessários para melhorar a produção, por meio de máquinas e armazenagem, por exemplo.

Projeções

A gerente administrativa do Grupo Spekken e especialista em comercialização de soja e milho, Cris Spekken, diz que este é um momento dramático para o produtor — e que algo precisa acontecer para mudar o cenário.

“Vai passar esse primeiro trimestre que tem características de ser um trimestre mais pressionado, porque é um momento de colheita, é um momento em que o produtor tem que vender produto, tem que pagar conta — e isso acaba pressionando o mercado, porque ele sabe que o produtor vai ter que ofertar o produto”, analisa. 

A especialista ainda completa: “Quem sabe a China não surpreende com uma demanda forte no mercado e necessidade de compra. Porque realmente a China está coberta praticamente até março”, ressalta. 

Para o engenheiro agrônomo Charles Dayler, a situação deve melhorar no segundo semestre deste ano, mas os efeitos ainda devem ser sentidos por mais tempo. 

“Pode ter problema de replantio, que vai atrapalhar o cronograma e isso vai afetar diretamente o preço. Pode ter perdas de insumos, as possibilidades são grandes. E para esse ano, o resultado infelizmente é negativo, porque as commodities agrícolas pesam bastante na balança comercial brasileira, então vai haver sim um impacto negativo pensando na safra deste ano. No ano que vem a tendência é que a gente tenha uma recuperação, mas vai ser um ano ainda com algum desafio”, avalia. 

As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontavam para uma colheita 149,4 milhões de toneladas, o que representa queda de 3,4% se comparada com o volume obtido no ciclo 2022/23.  

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16/02/2024 04:15h

Conab estima redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior

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Desde o ano passado, produtores de milho enfrentam dificuldades no plantio e colheita do grão. Por causa das condições climáticas, principalmente influenciadas pelo fenômeno El Niño, as regiões produtoras não têm passado por bons momentos no Brasil. Para a safra 2023/2024, a produção total está estimada em 117,6 milhões de toneladas — uma redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior —, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

As perspectivas com o milho 1ª safra —  na estimativa de janeiro da companhia — são de produtividades menores, com exceção do Sul do país, que registrou aumento de 13%, na comparação das safras 2022/23 e 2023/24. 

Já o Nordeste teve variação negativa de 13%; o Sudeste de 9%; o Norte de 7% e o Centro-Oeste de 3%. Além das questões climáticas, as pragas também aumentaram, prejudicando o desenvolvimento das lavouras. 

De acordo com a análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a falta de margem positiva para o milho em 2023 deixou o produtor indeciso sobre investir ou não na cultura.

Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina, diz que, no último ano, os produtores não tinham nem como pagar os custos da lavoura, já que a produção do milho tem um custo bem maior do que a da soja, por exemplo.

“Não há nenhum estado brasileiro que diga: eu vou colher minha safra e pagar minhas contas. Pelo contrário, ainda estamos plantando a safrinha, que é o grande volume da safra de milho brasileira, já que se projetava uma safra de mais de 130 milhões de toneladas, dos quais a safra foi em torno de 24, e o restante era safrinha, então ninguém consegue hoje dimensionar qual vai ser a área plantada de milho — qual vai ser o volume e a que preço”, comenta. 

Mesmo assim, o Brasil foi o maior exportador de milho do mundo na safra 2022/2023, sendo responsável por 32% das exportações mundiais — 56 milhões de toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Já os Estados Unidos, que lideram o mercado de milho há mais de um século, exportaram cerca de 23%. 

Perspectivas

O engenheiro agrônomo Charles Dayler avalia que, até o segundo semestre de 2024, os produtores terão os mesmos problemas do fim do ano passado, só que mais brandos, já que o El Niño vai perdendo força. Portanto, as chuvas intensas e as temperaturas extremas são preocupantes.

“Tudo isso vai afetar. Tanto a questão de colheita, a maturação da planta e também afeta a questão de pragas, porque dependendo da variação de temperaturas, você pode ter um tempo maior com a temperatura favorável para as pragas que atacam as lavouras. Tudo isso deve ser levado em consideração, pensando no que vai ser plantado neste ano”, explica.

Ele analisa ainda o que pode ajudar a melhorar esse cenário: “A gente pode tentar monitorar melhor o tempo, acompanhar bem as previsões do Inmet. Estar sempre preparado para a questão de replantio, porque uma vez que você coloca a semente no campo, a chuva pode não vir, então você tem que estar sempre preparado para isso”, reforça. 

A produção brasileira de grãos, em geral, deve chegar a 306,4 milhões de toneladas, segundo o 4º levantamento da safra 2023/24, divulgado pela Conab no mês passado. Se confirmado, o volume representa uma queda de 13,5 milhões de toneladas em relação à safra 2022/23.

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14/02/2024 04:00h

Centro-Oeste teve perda de 11% e é a região mais afetada

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O cenário da produção de soja no Brasil não é um dos melhores no início de 2024. O ano começou com perdas expressivas, principalmente no Centro-Oeste, maior região produtora do grão do país. O calor e as chuvas irregulares prejudicaram as lavouras nas fases de plantio e desenvolvimento. 

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, em relação à safra anterior, a perda no Centro-Oeste foi de 11%; no Sudeste, 8%; no Nordeste; 7% e no Norte, 5%. O Sul foi a única região que teve melhoria no potencial produtivo (+20).

As projeções da Conab apontavam para uma colheita no país de 162 milhões de toneladas — quando considerada a expectativa inicial desta temporada —, mas o número foi revisado para baixo. A expectativa agora é de que a produção seja de 149,4 milhões de toneladas, o que representa queda de 3,4% se comparado com o volume obtido no ciclo 2022/23.  

O advogado Evandro Grili, especialista em Direito Ambiental e Sustentabilidade, explica alguns dos fatores que levaram a esses resultados.

“Nós passamos pelo El Niño muito forte nesse ano que passou, que teve uma das temperaturas mais elevadas, isso muda toda a estrutura de chuvas. A questão climática é cada vez mais um desafio gigante para o agronegócio. E as questões jurídicas, porque o mundo cada vez mais se cerca de maior controle ambiental possível, vai criando barreiras para que os produtos que venham de regiões que não respeitam o meio ambiente tenham dificuldade para ser comercializados”, analisa. 

Alerta 

Os efeitos climáticos mais intensos do El Niño começam a perder força a partir de fevereiro, mas o fenômeno pode influenciar o clima até o mês de junho no país. Além disso, já existe a previsão de La Niña no segundo semestre deste ano, quando as regiões Norte e Nordeste do Brasil recebem mais chuvas.

Por isso, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) recomenda aos produtores de soja que redobrem os cuidados antes de fechar negócios nos próximos meses. A entidade pede que não realizem vendas imediatas e futuras e não adiantem compras. 

De acordo com a análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no Mato Grosso — maior estado produtor de soja — por exemplo, as dificuldades no plantio, necessidade de replantio e a falta de chuvas geraram essas perdas de produtividade. E em meio à queda dos preços, os resultados econômicos para o produtor ainda podem piorar.

O advogado reforça a importância do agronegócio para a situação econômica do país.

“Se o agro estivesse em alta como estava há alguns anos, por uma conjunção de fatores essa recuperação da economia brasileira seria muito mais rápida e muito mais forte. Somos um país que tem no agro um dos principais players (se não o principal na esfera econômica), e quando ele não repete performances positivas a economia acaba patinando e demorando mais a se recuperar”, avalia. 

A análise da CNA foi publicada na edição de janeiro do boletim mensal de inteligência de mercado, divulgado na última quarta-feira (7). 

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