Hanseníase

27/01/2024 04:30h

O levantamento, divulgado nesta semana, foi feito pelo Ministério da Saúde entre 2013 e 2022

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Entre 2013 e 2022, 316.182 pessoas tinham o diagnóstico de hanseníase no Brasil. Destes, 254.918 foram casos novos da doença, de acordo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta semana. Quase 53,9% (137.379) dos diagnosticadas tinham entre 30 e 59 anos; 24,6% (62.693), 60 anos ou mais; 15,3% (38.899), entre 15 e 29 anos, e 6,3% (15.947) eram menores de 15 anos. 

Nesses 10 anos, houve um aumento de 30% de casos em idosos (acima de 60 anos) e uma redução de 44% nos casos novos de hanseníase nas crianças e adolescentes menores de 15 anos. 

A hanseníase é uma doença causada por uma bactéria e transmitida por vias aéreas. O desenvolvimento no organismo vai depender da imunidade de cada pessoa. O diagnóstico é dado, normalmente, por um infectologista ou dermatologista. 

O presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, o dermatologista e hansenologista Marco Frade, explica quais são os maiores riscos da doença.

“Quando não tratada, os sintomas podem piorar e causar incapacidade física, porque a doença também pode atingir os nervos motores. Dificuldades de segurar coisas, talheres e até para abrir e fechar os olhos. Temos que investir em informação e treinamento dos profissionais de saúde para identificar a hanseníase de forma breve”, observa.

Um dos sintomas mais marcantes da doença são as manchas na pele, mas o médico ressalta que é possível a vida inteira sem apresentar essas manchas, e esse é o grande desafio do diagnóstico.

“A doença tem uma dificuldade de fazer o diagnóstico muitas vezes por falta de informação. As propagandas focam muito nas manchas de pele e, na verdade, embaixo da pele, nos nervos periféricos, a doença pode estar acontecendo há muitos anos. Tem casos de até 30 anos”, ressalta. 

Foi o que aconteceu com a ativista Francilene Mesquita, que aos 29 anos descobriu que tinha hanseníase após passar por vários médicos. Ela sentia dormência nos nervos dos braços e pernas, dificuldade para trabalhar, mas não via manchas. 

“Essa busca por um diagnóstico começou porque eu comecei a derrubar as coisas na casa da minha patroa, eu trabalhava de diarista. Nem eu sabia o que era e nem sequer o médico da UBS desconfiava. Até que em 2006 um médico reumatologista me avaliou de uma forma diferente, apalpou meus nervos que ficam na região dos braços e pernas, e me encaminhou para um dermatologista”, conta. 

Inicialmente, Francilene questionou porque precisava ir a um dermatologista se estava com dores, e naquele momento também já começaram a surgir caroços pelo corpo, mesmo assim ela conta que não imaginava o que poderia ser. 

Após realizar o tratamento por um ano, a filha adolescente também foi diagnosticada. Com isso, no mesmo ano a ativista apresentou novamente os sintomas, com quadro reacional hansênico — quando os sintomas retornam. Então, passou a ter novamente caroços na pele, febre e mal estar. Ela precisou seguir com um outro tratamento por sete anos para acabar com os sintomas. 

Regiões

Em 2022, a taxa de detecção do Brasil foi de 9,67 casos novos por 100 mil habitantes, mas o levantamento também traz os números em relação às regiões do país. O Centro-Oeste lidera o ranking com uma taxa que variou de “muito alto” a “hiperendêmico”. Já a maior redução ocorreu na região Norte, que saiu de 35,89 casos novos por 100 mil habitantes em 2013 para 18,53 em 2022 — uma redução de 48,4%.

Mato Grosso e Tocantins foram os estados que apresentaram as maiores taxas de detecção: 66,20 e 50,88, respectivamente, enquanto o Rio Grande do Sul apresentou baixa endemicidade, com taxa de 0,81 casos novos por 100 mil habitantes. 

Neste ano, serão investidos cerca de R$ 55 milhões para a prevenção e o tratamento da hanseníase no Brasil. A maior parte dos recursos, R$ 50 milhões, será repassada diretamente para 955 municípios — classificados como de alta endemia, com mais de 10 casos por 100 mil habitantes. 

A medida faz parte da estratégia do Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (Ciedds), do Ministério da Saúde. 

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25/01/2024 04:15h

Foram registrados 174.087 casos novos da doença no mundo em 2022; mais de 25 mil no Brasil

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O Brasil continua sendo o segundo país do mundo com maior número de novos casos de hanseníase, de acordo com o boletim epidemiológico da doença de 2024, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana. Em 2022, foram registrados em todo o mundo 174.087 casos novos da doença, e mais de 25 mil — quase 15% — foram detectados no Brasil. 

Já no ano passado, de janeiro a novembro, a pasta informou que houve um aumento de 5% no número de casos, em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 19.219. 

A hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma bactéria que tem atração pelo sistema neurológico e também pela pele, conforme explica o dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Hanseníase (SBH), Marco Frade. 

“Mas ela é uma doença sistêmica, então ela envolve muita resposta imunológica. Inicialmente, na grande maioria dos casos, nós vamos discutir muito sobre os sintomas neurológicos, que é a perda da sensibilidade, porque como ela tem uma atração aos nervinhos da nossa pele, a gente acaba perdendo a sensibilidade ao tato, a dor, ao frio e ao quente”, explica.

A transmissão da doença acontece principalmente pelas vias aéreas — secreções nasais, gotículas da fala, tosse e espirro. A chance de um paciente em tratamento transmitir é muito pequena e a maioria das pessoas que entram em contato com essa bactéria não desenvolve a doença.

Direitos 

Thiago Flores é advogado, pesquisador na área da hanseníase e atua como diretor jurídico voluntário do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase. Filho de pais com a doença, que foram internados compulsoriamente na década de 1950, Thiago cresceu neste universo da doença e desde cedo luta pela causa. 

No trabalho de doutorado, o pesquisador aprofundou na questão da separação familiar, mostrando qual o impacto na vida das pessoas que passaram pela situação.

“Eles têm o conceito de família totalmente diferente do que a gente tem. As relações de parentesco, as trocas e as relações sociais como um todo são diferentes da família que foi criada com pai e mãe. Então, eu me aprofundei nesses estudos. O que a separação familiar quando as pessoas ainda eram crianças trouxe de consequência do passado e no que isso ainda influencia na qualidade de vida hoje. E eles têm grandes sequelas na construção de novas famílias”, analisa. 

O Morhan, que foi fundado em 1981, atua ajudando essas famílias que sofreram no passado e também na busca de direitos de pessoas diagnosticadas com hanseníase. 

“Muitas vezes a gente precisa judicializar algumas questões, temos problemas de falta de medicação, problema de reabilitação é muito comum, falta órtese, prótese, então temos essa atuação em conjunto, não só do movimento, mas com as defensorias públicas e uma parceria grande com o ministério público”, explica Thiago. 

A hanseníase tem cura e o tratamento, à base de antibióticos, pode levar até dois anos. O tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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13/01/2024 04:30h

Lei sancionada no fim do ano passado garante que filhos de pessoas com hanseníase recebam pensão vitalícia

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A hanseníase sempre foi uma doença rodeada de estigmas. E esse é um dos aspectos que dificulta o acesso ao diagnóstico e, consequentemente, ao tratamento. De janeiro a novembro de 2023, houve um aumento de 5% no número de casos, em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Ministério da Saúde. 

Foram 19.219 casos de hanseníase. Destes dados preliminares, quase 20% (3.927) estão no estado do Mato Grosso — que registrou aumento de 76% quando comparado com 2022. Acredita-se que esse aumento expressivo seja explicado pela diminuição da subnotificação. 

A hanseníase é uma doença infecciosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e é considerada uma das mais antigas doenças do mundo — antes conhecida como lepra. Ela atinge a pele, mucosas e o sistema nervoso periférico.

O Janeiro Roxo, mês de conscientização e combate à hanseníase, alerta para o diagnóstico da doença, que não é simples, como explica o infectologista Fernando Chagas. 

“Ela tem como característica se alojar nos nervos, especialmente nos nervos periféricos, aqueles que saem da coluna para as pernas e braços. É um microrganismo que se divide muito lentamente, por isso é de difícil diagnóstico inicial. Ela não se desenvolve tão rapidamente e não se desenvolve em todo mundo, depende da imunidade de cada pessoa”, explica.

Os primeiros sinais são as manchas hipocrômicas — de cor diferente da cor da sua pele —, geralmente com perda da sensibilidade no local, além das dores nos nervos e fraqueza nas mãos. Qualquer um desses sintomas deve ser um sinal de alerta para buscar atendimento médico imediato. Embora tenha cura, a falta de tratamento da doença pode causar lesões irreversíveis. 

Pessoas com o sistema imunológico fragilizado e idosos têm mais chances de se infectar pela bactéria. A prevenção é manter as medidas de higiene e em caso de contato com algum paciente procurar atendimento para realizar o exame físico geral, dermatológico e neurológico. 

Tratamento e preconceito

O tratamento é à base de antibióticos e pode levar até dois anos. O paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde, sendo as demais, auto administradas. Esse tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Associado a isso, a fisioterapeuta dermatofuncional Adriana Hernandez ajuda com a retomada dos movimentos.

“Atuamos principalmente na perda dessa força muscular e na diminuição da sensibilidade, que em muitos casos não é possível recuperar totalmente, então nós entramos justamente trabalhando na diminuição dessas perdas”, explica. 

Por causa dos efeitos da hanseníase, ainda hoje existe um grande preconceito com os pacientes, como relata o infectologista.

“É um estigma muito pesado muito associado à história da doença por ser muito antiga. E outra coisa, quando o microrganismo começa a destruir os nervos, começa a prejudicar o movimento do membro, começa a destruir o tecido e pode causar deformidades, e isso também contribui para o preconceito”, comenta Chagas. 

Nova lei

Entre as décadas de 1920 e 1970, a política do país era capturar os infectados pela hanseníase e interná-los à força em hospitais-colônias, deixando-os isolados e sem contato com os familiares. Por isso, em novembro do ano passado foi sancionada a Lei nº 14.736/2023 que concede pensão vitalícia aos filhos dos pacientes, por terem sido separados dos pais durante essa internação. O valor é de um salário mínimo. 

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29/01/2023 04:00h

A data é celebrado no último domingo do mês de janeiro. Os dados preliminares de novos casos são do Ministério da Saúde. A pasta distribuirá 150 mil testes rápidos para enfrentamento à doença

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O Ministério da Saúde vai distribuir a partir de fevereiro 150 mil testes rápidos para enfrentamento à hanseníase. O anúncio foi feito durante a cerimônia de abertura do seminário “Hanseníase no Brasil: da evidência à prática”. Com os novos exames disponíveis no SUS, o Brasil passa à vanguarda mundial no diagnóstico da doença, sendo o primeiro país no mundo a ofertar insumos para a detecção da doença na rede pública.

Os dispositivos fazem parte de pesquisas realizadas pela Universidade Federal de Goiás e o PCR pela Fiocruz e Instituto de Biologia Molecular do Paraná. As unidades serão destinadas às pessoas que tiveram contato próximo e prolongado com casos confirmados da doença e serão de dois tipos: o teste rápido, ou seja, o sorológico; e o teste de biologia molecular, o qPCR. 

Uma terceira modalidade, de biologia molecular (PCR), também será ofertada pelo SUS e vai auxiliar na detecção da resistência a antimicrobianos. As três tecnologias foram incluídas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da doença em julho do ano passado. A ideia é que os estados fomentem a implantação dos novos testes nos municípios, apoiados pela definição da linha do cuidado da doença alinhada à adoção das ações propostas na Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase 2023-2030. 

Mestre e doutora em medicina tropical e saúde pública, a farmacêutica Emerith Mayra Hungria Pinto destaca que os testes rápidos serão determinantes para o controle da hanseníase no Brasil.

"A oferta de novas ferramentas que vão auxiliar no diagnóstico da doença é crucial para o controle da doença no nosso país. Tanto o teste rápido, quanto o teste biomolecular, vão contribuir para um diagnóstico mais precoce dos casos e, com isso, a gente interrompe a cadeia de transmissão da doença e evita o surgimento de novos casos", explica.

Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase 

Uma das doenças mais antigas da humanidade, com casos registrados pelo menos 600 a.C., a hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae. É uma doença infecciosa e de evolução crônica. Em seu estado avançado afeta, sobretudo, nervos periféricos e a pele, causando incapacidades físicas, principalmente nas mãos, pés e nos olhos.

Representante do Departamento de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Egon Daxbacher explica que a doença ainda é um problema de saúde pública porque compõe um grupo de patologias negligenciadas, sendo o Brasil o segundo maior país com número de novos casos do mundo, atrás apenas da Índia.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, entre 2016 e 2020, foram diagnosticados, no Brasil, mais de 155.300 novos casos de hanseníase. Desse montante, 86.225 ocorreram com pessoas do sexo masculino, ou seja, uma média de 55,5% do total registrado. Em 2021, foram diagnosticados mais de 15,1 mil casos. Já dados preliminares da pasta apontam ainda que, em 2022, mais de 17 mil novos casos de hanseníase foram diagnosticados no Brasil. 

Desde a década de 1980 que o Ministério da Saúde adota medidas para prevenir e quebrar o estigma em relação à doença, proibindo termos como “lepra”. Para tanto, investiu pesado em campanhas de conscientização para instruir a sociedade, instituindo, inclusive, desde 2009, por meio da lei nº 12.135, o último domingo de janeiro como o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. A data é um momento de reforçar a atenção aos sintomas e informar sobre os tratamentos disponíveis na rede pública de saúde. O Ministério da Saúde reforça que a doença tem cura. 

"As pessoas não têm informações tão apuradas, não entendem que a doença mudou de nome, antigamente era chamada de lepra. Quando falam em lepra, tem um entendimento antigo de quando não havia tratamento, entendem que é uma doença bíblica", lamenta Daxbacher. "Na sociedade em geral, há um grande desconhecimento e falta de informação", observa o especialista.

Tratamento

Apesar de causar pânico, medo e preconceito entre as pessoas, o dermatologista Vinicius Segantine explica que a hanseníase tem tratamento e não oferece perigo de contágio se tomadas as devidas precauções.

"A hanseníase é uma doença totalmente tratável. Tratada, ela não é contagiosa. Por exemplo, a pessoa que trata, a partir do primeiro dia que toma as medicações, não transmite para mais ninguém", explica. "Não há necessidade de afastar do convívio social, nem afastar os utensílios domésticos da pessoa", explica.

A hanseníase pode ser curada com 6 a 12 meses de terapia por meio do uso de antibióticos. O tratamento precoce evita deficiência, afirma o especialista.
 

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30/06/2021 19:00h

Objetivo é desenvolver ações integradas voltadas à inclusão social de pessoas em situação vulnerabilidade social com HIV, hepatites, hanseníase, tuberculose e prevenção da sífilis congênita

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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o ministro da Cidadania, João Roma, assinaram nesta quarta-feira (30), o acordo de cooperação técnica para desenvolver ações integradas voltadas à inclusão social de pessoas em situação vulnerabilidade social com HIV, hepatites, hanseníase, tuberculose e prevenção da sífilis congênita.
 
Durante o evento, João Roma destacou a importância do trabalho em conjunto realizado pelas pastas. Segundo ele, a política pública eficaz, com resultados satisfatórios, precisa ser feita com colaboração, união de esforços e informações compartilhadas. Por isso, ele se diz confiante com a assinatura do acordo.

“Cada uma das doenças incluídas neste acordo de cooperação tem a condição social como fator de agravamento dos quadros clínicos. Vamos construir diretrizes com plano de trabalho que contempla a realização de oficinas e a capacitação em educação a distância. O profissional de saúde vai ganhar ferramentas para dialogar ainda mais com seu colega da assistência social”, pontuou.

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Segundo Roma, é preciso derrubar barreiras e estabelecer uma conexão rápida e direta de saúde e de assistência social. “Um dos principais objetivos do Ministério da Cidadania é fortalecer o Sistema Único de Saúde e de Assistência Social (SUAS), ampliando a rede de proteção e oferta ao cidadão”, considerou.

Na ocasião, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a ideia é capacitar profissionais que atuam nas vertentes da saúde e assistência social, com o intuito de garantir a execução de direitos prometidos à população por meio da Constituição Federal.

“A saúde e a assistência social são direitos fundamentais. Sendo assim, é dever do Estado pugnar para que esses direitos sociais tenham concretude. Com isso, esperamos ser capazes de, por meio de políticas públicas, atingir cada um dos brasileiros, seja com políticas de saúde efetivas ou por ações sociais que são importantes, sobretudo para os que mais precisam”, avaliou.

Durante o encontro, Queiroga lembrou que o Brasil também é referência no tratamento de pacientes com as doenças abrangidas no acordo. “O Brasil é reconhecido pelo programa de atenção aos pacientes com Aids e também em relação às hepatites. Nós assistimos os casos dos indivíduos enfermos com hepatite C, com acesso a medicações antivirais, extremamente modernas, seguras e efetivas”, destacou.

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Saúde
17/01/2020 09:34h

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Quando se trata de hanseníase uma coisa é certa: o diagnóstico precoce é importantíssimo. “Quanto mais cedo descobrir e se tratar, maior a chance de evitar sequelas”. Este é slogan da nova campanha do Ministério da Saúde para sensibilizar as pessoas a não terem medo de buscar tratamento, que no SUS é gratuito.

 

Sensibilidade ou manchas na pele, não sentir calor ou frio em determinada parte do corpo, falta de força nas mãos e pés, machucados e lesões ósseas recorrentes podem ser sintomas de hanseníase.

 

Fique alerta e procure diagnóstico precoce! Quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais chances de evitar sequelas, deformidades e incapacidades físicas!

 

Hanseníase!

Quanto mais cedo descobrir e se tratar, maior a chance de evitar sequelas

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Saúde
03/09/2019 15:03h

Confira o que é verdade e o que é mentira sobre a Hanseníase

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Anualmente, o governo federal lança a campanha do “Janeiro Roxo”, que busca informar a população acerca da hanseníase e estimular os profissionais de saúde com a busca ativa de casos. O objetivo é fazer com que os brasileiros saibam reconhecer os sinais e sintomas da doença e buscar os serviços para o diagnóstico e tratamento. Isso porque o Brasil consta em segundo lugar no ranking de países com casos novos registrados, de acordo o último levantamento da Organização Mundial da Saúde, realizado em 2017. Os dados reúnem casos dede 150 países, que somaram 210.617 notificações no mundo. Desse total, 26.875 foram diagnosticados no Brasil. A boa notícia é que a doença pode ser medicada e curada. Quem explica o que é a infecção é a coordenadora geral da Hanseníase e das Doenças em Eliminação da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro.

“A Hanseníase é uma doença que tem manifestação em pele, mas é primariamente neurológica. Ela acomete os nervos periféricos, que são os responsáveis pela sensação de dor, de calor e de frio”.

Com quais sinais e sintomas as pessoas devem procurar ajuda médica e possível diagnóstico?

“O que é mais frequente seriam essas manchas avermelhadas, esbranquiçadas e amarronzadas. Geralmente, essas manchas têm alteração de sensibilidade, com diminuição ou perda total. O nervo periférico é responsável pelo tato, pela sensibilidade, pela motricidade, e pela diminuição de força. Assim, as áreas das mãos e dos pés são as mais acometidas pela hanseníase”.

 E como é o diagnóstico? É preciso tirar sangue ou fazer algum tipo de biópsia?

“É muito comum as pessoas acharem que para diagnosticar a hanseníase é preciso exame de sangue ou de urina. Não precisa, o diagnóstico é clínico. É o médico examinar a pele, e fazer avaliação neurológica da face, das mãos e dos pés para ver se tem comprometimento neurológico pela doença.” 

Uma dúvida para aqueles que têm medo do tratamento. Ele pode afetar o paciente de alguma forma? 

“O tratamento da hanseníase é a poliquimioterapia, e ela é aceitável por 99% das pessoas. Existem os efeitos adversos do medicamento. Se essa pessoa tiver alguma intolerância a algum dos medicamentos da poliquimioterapia, ela manifesta tão logo começa o tratamento. O serviço onde é acompanhada é perfeitamente capaz de substituir o medicamento que ela tiver intolerância, por outro dentro das recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde”.

Quando o paciente em tratamento passa a interromper a transmissão da doença?

“Logo no primeiro mês de tratamento, ela já perde essa capacidade de transmissão. Então, o ideal é que o mais rápido possível seja feito o diagnóstico e o tratamento”.

Quando o paciente termina o tratamento, existe o risco de pegar a hanseníase novamente?

“Digamos que uma pessoa fez o tratamento, curou, mas ela continua em um ambiente onde tem circulação de bacilo, então essa pessoa pode adoecer. Ela ter feito o tratamento uma vez não o torna imune de ter novamente a doença. Talvez alguém próximo a ela está transmitindo e não recebeu ainda o tratamento. O importante é que o serviço examine todos os contatos da pessoa que recebeu o diagnóstico, principalmente os familiares, buscando essa fonte de infecção para quebrar a cadeia de transmissão.”

Falando sobre transmissão, muitas pessoas acreditam que podem pegar hanseníase por contato com objetos supostamente infectados, beijos e até por animais. Isso é verdade?

“Precisa separar roupa, talheres, precisa ter medo de compartilhar banheiro, coisas íntimas? Não precisa, porque a transmissão ocorre por vias aéreas superiores, por meio de um contato próximo e prolongado com uma pessoa doente e sem tratamento, da classificação multibacilar. Segundo algumas crendices, o peixe de couro transmite a hanseníase, outros dizem que o tatu transmite a hanseníase. É preciso reforçar que o único reservatório do bacilo da hanseníase é a pessoa, só é transmitida de pessoa para pessoa.”

Para finalizar, como a Hanseníase é uma doença contagiosa, é recomendável que as pessoas evitem áreas ou regiões em que os números de casos são altos?

“Não, porque o processo de adoecimento da hanseníase é um processo longo. Eu preciso conviver com essa pessoa que esteja doente, sem tratamento, e na classificação multibacilar. Centro-Oeste, Norte e Nordeste são as regiões que têm uma incidência maior da doença, mas em todas as regiões têm paciente com hanseníase. Então, se tem doente, é porque tem transmissão naquele local.”

O atendimento para a Hanseníase é oferecido pela rede pública de saúde de todo o Brasil. Todos os postos médicos do País têm pelo menos um profissional preparado para o diagnóstico, e a única forma de receber a medicação para o tratamento é pelo Sistema Único de Saúde. A doença tem cura, então fique atento aos sintomas em si mesmo e nos conhecidos. É possível extinguir a infecção. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/hanseniase. 

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Saúde
30/07/2019 04:14h

Só este ano, até o final do primeiro semestre, já foram registrados 1.849 casos novos

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Com um histórico de elevado número de casos de hanseníase, o estado do Mato Grosso enfrenta o desafio de controlar a doença também em 2019. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, só este ano, até o final do primeiro semestre, já foram registrados 1.849 casos novos. A cidade de Sinop é a que apresenta a situação mais grave, com 323 detecções da doença. A capital Cuiabá é a segunda com a maior quantidade de registros, com 118 ao todo. Mas essas não são exclusividades. Juína, Peixoto de Azevedo e Sorriso também já registraram mais de 100 casos, cada um, só neste ano.
 
E é de olho nesse cenário que as autoridades de saúde locais, por meio do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, decidiu descentralizar o atendimento aos pacientes e implementar Ambulatórios de Atenção Especializada em Hanseníase. Elas estão espalhadas em seis unidades: em Juína, Alta Floresta, Barra do Garças, Juara, Tangará da Serra e Várzea Grande. A ideia é que o número de cidades atendidas suba para 16 até o fim de 2020. Com diagnóstico precoce e tratamento oportuno, é possível evitar lesões mais graves da doença, as incapacidades físicas e que o ciclo de transmissão se mantenha.
 
No Mato Grosso, segundo dados da própria Secretaria de Saúde, o índice de detecção e o número de casos são elevados. No ano passado, a taxa de detecção geral da doença no estado foi de 138,30 por cada 100 mil habitantes, com 4.678 casos novos diagnosticados, sendo 195 em pessoas com menos de 15 anos.
 
Um desses casos é o do mecânico Vangevaldo Souza, de 50 anos. Com a doença pela segunda vez, o mato-grossense relata a importância de se manter a rotina de tratamento.

“Tratou certinho, a hanseníase tem cura. Não pode é brincar. Eu bebia bastante. No momento em que comecei a fazer o tratamento, eu parei. Não pretendo beber enquanto não fizer o meu tratamento certinho. Quero fazer o tratamento certo. Eu procurei com a médica que acompanha meu tratamento tudo o que eu podia comer e não podia comer. Porque às vezes tem alguma coisa que não faz bem e a gente não sabe. Tem que perguntar para o médico.”

Créditos: Ministério da Saúde

O primeiro tratamento levou um ano e curou Vangevaldo completamente, sem deixar sequelas. Mas a segunda ocorrência apareceu de um jeito diferente. Ao invés das manchas que o mecânico já conhecia, ele encontrou nódulos e caroços no corpo.
 
A hanseníase é uma doença que desafia questões que vão além do tratamento puro e simples de cada paciente. Garantir esse tratamento oportunamente e, durante esse processo, ofertar à pessoa acometida e seus familiares com informações que contribuam no enfrentamento do estigma e discriminação são alguns pontos chaves nesse processo.
 
Segundo o coordenador do Programa Estadual de Enfrentamento da Hanseníase em Mato Grosso, Cícero Fraga, é raro que uma pessoa seja infectada duas vezes pela bactéria, mas ressalta que o tratamento é eficaz em qualquer ocasião.

“Uma vez iniciado o tratamento, logo após os primeiros dias a doença deixa de ser transmitida. Porém, o paciente ainda não está curado. O tratamento dele vai durar durante doze meses, normalmente. Então, a recomendação que a gente passa para a população é que uma vez identificado os sinais e sintomas da doença, procure o serviço de saúde para avaliação”.

No Mato Grosso, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a  proporção atual de abandono do tratamento é de 8,2%. Isso é muito preocupante, pois, além do doente não ser curado, podendo ter incapacidades físicas com o tratamento tardio, também deixa em aberto a possibilidade de manutenção do ciclo de transmissão da doença. É importante destacar que a transmissão da hanseníase acontece por meio das vias áreas respiratórias (tosse ou espirro), com o convívio próximo e prolongado com uma pessoa doente sem tratamento.
 
Ao surgimento de qualquer mancha em que você perceba a perda ou diminuição da sensibilidade ao toque, calor ou frio, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances de sequelas. A hanseníase tem cura e o tratamento está disponível gratuitamente no SUS. Por isso, não esqueça: identificou, tratou, curou. Para mais informações, acesse:saude.gov.br/hanseníase. 

Créditos: Ministério da Saúde
 

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Saúde
19/07/2019 05:49h

A informação sobre a manifestação clínica da hanseníase em cada pessoa é fundamental para determinar o tipo da doença como paucibacilar ou multibacilar

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Apesar da fama antiga da hanseníase, a doença tem tratamento e cura. Quando o infectado é diagnosticado com antecedência e faz o tratamento correto, fica livre de qualquer sequela física. Foi o que aconteceu com Arnaldo Cárcere, aposentado de 71 anos, morador de Campo Grande. Quando ainda trabalhava como agente penitenciário, percebeu uma mancha marrom no pé com perda de sensibilidade, e buscou um médico. Com o conhecimento antecipado da condição, ele pôde iniciar o tratamento, e garantir que manteria uma rotina normal pelo resto da vida. 

“Eu fiz tratamento durante seis meses, e daí seis meses depois fiz os exames e não tinha concluído a cura. Aí eu fui lá no hospital São Julião, fiz todos os exames e aí foi detectado a multibacilar. Aí fiz um ano de tratamento. Estava curado. Mas a gente passa mais uns quatro, cinco anos fazendo exames para ver se não voltou, e aí foi concluído tudo ano passado, sem nenhum problema mais. Para mim, a hanseníase é uma doença igual às outras, o tratamento correto tem cura”. 

Créditos: Ministério da Saúde

A informação sobre a manifestação clínica da hanseníase em cada pessoa é fundamental para determinar o tipo da doença como paucibacilar ou multibacilar, única forma que transmite a bactéria e pode infectar outras pessoas. Nos dois períodos de intervenção médica, Arnaldo não precisou mudar a rotina. O hospital São Julião, no bairro de mesmo nome, é uma das referências no atendimento para a doença em todo o estado. De acordo com a gerente técnica de Tuberculose e Hanseníase do Mato Grosso do Sul, Geisa Poliane de Oliveira, todos os municípios estão preparados para atender os pacientes.

“Todos os municípios, as unidades de saúde da atenção básica têm condição de fazer diagnóstico da hanseníase. Porém, além das Unidades Básicas de Saúde dos municípios, nós temos as de referência. Hoje nós temos em Campo Grande o Hospital São Julião. Ele é uma ex-colônia, e é referência no tratamento de hanseníase. Ele tá na capital, então ele é localizado bem no centro do estado”.

Por isso, o importante é ficar atento aos sinais do seu corpo. Ao surgimento de qualquer mancha em que você perceba a perda ou diminuição da sensibilidade ao toque, calor ou frio, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances de sequelas. A hanseníase tem cura e o tratamento está disponível gratuitamente no SUS. Por isso, não esqueça: identificou, tratou, curou. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/hanseniase. 

 

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Saúde
19/07/2019 05:20h

Na Paraíba, em 2017, foram registrados 481 novos casos da doença, de acordo com a Secretaria de Saúde do estado.

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Imagine descobrir o diagnóstico de uma doença transmissível e, até então, considerada incurável aos oito anos de idade e ter que se afastar da família para viver em isolamento. Essa realidade nada fácil foi enfrentada pela enfermeira aposentada Severina Maria dos Santos, hoje com 79 anos, e por outros milhares de brasileiros que, assim como ela, foram diagnosticados com hanseníase nos anos 1960. Hoje, curada, a moradora de João Pessoa ajuda novos pacientes a entenderem que a doença tem tratamento e cura, e que não é necessário se afastar do convívio familiar para não transmitir a bactéria. Ao falar do seu próprio caso, Severina afirma que a maior luta dos pacientes é contra a falta de informação e o preconceito. 

“Eu sempre falo para eles que agora estão melhores do que quem foi diagnosticado há 30, 40 anos. Porque hoje você já pode fazer o tratamento em casa, unido a sua família, apesar de que tem muita família que ainda tem preconceito com o paciente... Mas o meu conselho para eles é para que sempre façam o tratamento correto, que hoje temos a fisioterapia para amenizar as sequelas, temos calçados adaptados para evitar ferimentos, para evitar atrofiamento nos pés”.

Créditos: Ministério da Saúde

O que pouca gente sabe é que hoje é possível evitar o avanço da hanseníase com o diagnóstico precoce e o tratamento correto, o que evita sequelas nos pacientes. Para isso, é preciso ficar atento aos sinais do corpo ainda na fase inicial, quando aparecem manchas na pele que tenham a perda ou diminuição da sensibilidade ao toque, calor ou frio. Na Paraíba, em 2017, foram registrados 481 novos casos da doença, de acordo com a Secretaria de Saúde do estado. Segundo a Chefe do Núcleo de Doenças Endêmicas da Paraíba, Ana Stella Pachá, o paciente deve estar consciente dos riscos da doença e da necessidade de se procurar atendimento o quanto antes. 

“É importante para população que ela entenda esses sinais e sintomas da doença para poder também buscar o mais rápido possível o serviço de saúde para iniciar o tratamento. Que o profissional de saúde tenha esse olhar, que ele entenda isso e monitore os casos, tendo em vista o tempo do tratamento para que não aconteça nenhum abandono de caso”.

Por isso, o importante é ficar atento aos sinais do seu corpo. Ao surgimento de qualquer mancha em que você perceba a perda ou diminuição da sensibilidade ao toque, calor ou frio, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances de sequelas. A hanseníase tem cura e o tratamento está disponível gratuitamente no SUS. Por isso, não esqueça: identificou, tratou, curou. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/hanseniase. 

Créditos: Ministério da Saúde

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