Agronegócio

18/04/2024 03:00h

Volume embarcado aumentou — o que compensou preços mais achatados e prejuízos nos principais itens, como soja e milho

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O primeiro trimestre de 2024 foi histórico para as exportações dos produtos do agronegócio brasileiro, apesar da queda no preço das commodities no mercado internacional. 

Os quase US$ 37,5 bilhões comercializados entre janeiro e março  — valor 4,4% maior do que no mesmo período do ano passado — refletem, principalmente, o aumento da produtividade no campo.

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o chamado índice de quantum, que mede a evolução do volume dos produtos que compõem a pauta de exportações, subiu 14,6%. Isso serviu para compensar a queda no índice de preços dos produtos agropecuários, que foi de 8,8% nos três primeiros meses do ano. 

Na prática, o crescimento na quantidade vendida ao exterior foi suficiente para mitigar o preço mais baixo dos produtos da agricultura e pecuária no mercado internacional, problema que preocupa o setor. 

Evandro Oliveira, consultor de Safras & Mercado, diz que o resultado para o primeiro trimestre é excelente. Ele ressalta que, em certa medida, o desempenho é surpreendente. 

"Por incrível que pareça é um resultado em épocas de queda na exportação de milho, soja e também do óleo de soja. A gente teve um recuo nos embarques desses grandes — e a gente teve esse grande salto nas exportações de açúcar, algodão, café e carne bovina", pontua. 

Causas

O recorde das exportações do agronegócio não veio dos principais produtos da pauta de comércio exterior brasileira, como a soja e o milho. A venda desses grãos, na verdade, rendeu menos em divisas ao Brasil do que no mesmo período do ano passado. 

O milho vendeu cerca de US$ 1,2 bilhão a menos, enquanto a soja em grãos perdeu cerca de US$ 900 milhões; e o óleo de soja, US$ 543 milhões. 

Os destaques ficaram por conta do aumento nas vendas externas de açúcar — US$2,5 bilhões a mais —, algodão (US$ 997,4 milhões) e café verde (US$ 563,6 milhões), de acordo com o Mapa. 

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Dependência do agro cresceu

Os dados de comércio exterior também mostram que a dependência da balança comercial brasileira do agronegócio cresceu no primeiro trimestre. Os produtos com origem no campo representaram 47,8% das vendas externas totais do país, ante os 47,3% observados nos três meses iniciais de 2023. 

Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do Instituto Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o agro forte é importante para o saldo positivo da balança comercial brasileira, mas diz que não é boa tamanha dependência do setor nas exportações. 

"O ponto negativo disso é que nunca é bom ficar dependente de um setor apenas, seja indústria, serviços, agro, porque isso faz com que qualquer tipo de choque, seja no preço da commodity, no câmbio ou em insumos, propague um efeito negativo ainda maior na economia", ressalta. 
 

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12/04/2024 18:54h

Presidente e ministro da Agricultura e Pecuária acompanharam envio do primeiro lote da proteína animal rumo ao país asiático

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Recém-habilitada pela China para a exportação de carne, uma planta frigorífica localizada em Mato Grosso do Sul recebeu as visitas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. 

Eles acompanharam o envio do primeiro lote da proteína animal ao país asiático, principal parceiro comercial do Brasil. Durante a visita, Lula destacou a força do agronegócio nacional e consequente contribuição para a balança comercial brasileira.  

"O presidente agradece porque ele embarcou o primeiro container de carne de qualidade para a China. A carne que eles estão comprando agora é carne de qualidade. É aquela que a gente quer comer, que a gente gosta e, quanto mais qualidade a gente tiver, mais a gente vai exportar. Eu fico feliz, porque esse país vai voltar a crescer muito e a gente vai gerar emprego na agricultura, na cidade, no comércio", disse. 

Até março, Mato Grosso do Sul tinha apenas três frigoríficos autorizados a exportar carne para a China. Com a habilitação há cerca de um mês, agora são sete. 

Além dos quatro estabelecimentos habilitados no estado, outras 34 plantas espalhadas pelo país receberam o sinal verde dos chineses. Com o anúncio, o Brasil aumentou de 106 para 144 o número de empresas habilitadas. 

O ministro Carlos Fávaro comemorou a abertura e ampliação de comércio com outros países. "Em 15 meses de governo abrimos 105 novos mercados para os produtos brasileiros da agropecuária. 49 países que nós não tínhamos relações comerciais com os produtos da agropecuária hoje estão disponíveis e estamos fazendo negócios", destacou. 

Fávaro ressaltou que a concretização de novas parcerias gera efeitos positivos para toda a economia. "As pessoas talvez não compreendam o que é essa abertura de mercado. É abrir uma loja da JBS do outro lado do mundo? Não é isso. É gerar oportunidade. É construir acordos com os países para que a gente possa comprar e vender produtos desses países. Essa habilitação gera oportunidades e riqueza para a empresa, mas também para a população. Hoje temos 2.300 colaboradores e, com essa habilitação, vamos para 4.600. É riqueza, emprego e felicidade na vida das pessoas", completou. 

O governo estima que as novas autorizações gerem incremento de cerca de R$ 10 bilhões à balança comercial brasileira em um ano. 

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12/04/2024 16:58h

Menores custos logísticos, intermodalidade de transportes e investimentos levaram portos do Norte e Nordeste a quase quintuplicar participação nas exportações brasileiras dos principais grãos

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Os portos do chamado Arco Norte foram responsáveis por exportar 33,5% da soja e do milho — os dois principais produtos agrícolas brasileiros – no primeiro trimestre de 2024. O resultado reforça movimento observado nos últimos anos, em que os terminais portuários localizados acima do Paralelo 16, nas regiões Norte e Nordeste, cresceram em importância para o escoamento da produção agropecuária do Brasil. 

O fenômeno começou no início da última década. Em 2010, a participação dos portos do Arco Norte nas exportações de soja e milho era de cerca de 8%, número que foi quase cinco vezes maior no ano passado — apontam dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Ao Brasil 61 especialistas disseram que vários fatores explicam o maior escoamento dos grãos em direção aos portos de Barcarena (PA), Itaqui (MA), Santarém (PA), Itacoatiara (AM), Santana (AP) e Salvador (BA). 

Larry Carvalho, advogado especialista em logística e agronegócio, diz que a redução dos custos de frete e de transporte é um dos fatores principais. "Especula-se um custo logístico  30% inferior do que nos corredores do Sul-Sudeste", compara. 

Superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth diz que há maior proximidade desses portos com os produtores do centro e norte de Mato Grosso e do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) — região de forte expansão agrícola — em comparação aos terminais do Sudeste e Sul do país. 

"O que for daquela região da BR-163 e da BR-164, que vão pegar Tangará da Serra, Campo Novo dos Parecis, Campos de Júlio, Sapezal, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, o foco é a exportação pelo Arco Norte", exemplifica. O mesmo ocorre com a produção do Matopiba, que escoa preferencialmente por Salvador ou Itaqui, completa. 

Distância mais curta é igual a economia, afirma Guth. "O transporte de Sorriso para Miritituba (PA) é, em média, R$ 100 mais barato por tonelada movimentada do que de Sorriso para Santos. Imagina o que é isso no decorrer do ano, em termos de volume de exportação? Tem momentos do ano em que a diferença é até um pouco maior", pontua. 

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Intermodalidade

Pesa a favor do Arco Norte a chamada intermodalidade no transporte. Ou seja, o escoamento até os portos ocorre por mais de um modal, seja por rodovias e depois hidrovias, seja por rodovias-ferrovias-hidrovias. 

"Os corredores do Norte fizeram integração de modais muito bem feitas. Você faz uma parte de transporte rodoviário, faz outra parte de águas interiores, e depois já faz a carga no porto, ou para o Maranhão também você tem um ferroviário aliado ao rodoviário. E esse mix de vários modais é o que permite uma redução do custo logístico. É o grande atrativo da região", assegura Larry. 

Investimentos

Thomé Guth destaca que a publicação da Lei dos Portos em 2013 foi determinante para o aumento dos investimentos privados na melhoria da infraestrutura portuária, o que se estendeu para os terminais do Norte e Nordeste do Brasil. 

Ele conta que o crescimento da produção agropecuária do país e da demanda externa pelos produtos brasileiros elevou a pressão por investimentos que melhorassem as rotas de escoamento até os portos do Arco Norte. "Tinha estrada de terra na BR-163 na região do Pará. Hoje o fluxo de caminhão está tranquilo por lá. Para o porto de Itaqui, por exemplo, tem a ferrovia Norte-Sul que já pega um bom pedaço", ilustra.

Larry Carvalho cita que as perspectivas quanto à melhoria da infraestrutura de transporte são positivas. "Tem a Ferrogrão, que está com julgamento pendente no STF [Supremo Tribunal Federal]; estamos vendo um movimento do Ministério dos Transportes na parte de arrendamento ou parceria público-privada para as hidrovias, como no Rio Madeira." 

Competitividade

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, ter mais de uma rota por onde escoar a produção é vantajoso para produtores, transportadores e demais atores envolvidos, diz Guth. 

"O que é de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais ainda vai pela região Sul, Sudeste do país, que é o caminho viável, o que é muito vantajoso, porque ao mesmo tempo em que você diversifica essa exportação, você consegue diminuir o estrangulamento do sistema logístico no país em relação aos portos do Sul e Sudeste". 

Até por isso, as filas de caminhões parados nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) — os dois principais do eixo Sul-Sudeste em movimentação — pertencem ao passado, lembraram os especialistas. 
 

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12/04/2024 00:18h

Já os preços dos quilos do frango congelado e do resfriado estão estáveis

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A cotação do boi gordo começou esta sexta-feira (12) em baixa de 1,20% e o produto é negociado a R$ 230,40 no estado de São Paulo. 

Já em relação aos quilos do frango congelado e do resfriado, houve estabilidade de preços. O frango congelado está cotado a R$ 7,25 e o preço do quilo do frango resfriado à R$ 7,45. 

Para os dois produtos, as regiões de referência são da Grande São Paulo, São José do Rio Preto e Descalvado.

A carcaça suína especial também está estável e é comercializada a R$ 9,60, em atacados da Grande São Paulo. Para o quilo do suíno vivo, no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo, os preços não variaram e custam R$ 6,15, R$ 6,60 e R$ 6,65. 

As informações são do Cepea.
 

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12/04/2024 00:02h

Anúncio foi feito pelo BNDES. Recursos podem ser usados para custeio, investimento, comercialização e induStrialização

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Mais R$ 1,4 bilhão estará ao alcance dos produtores rurais a partir desta quinta-feira (11) por meio do Plano Safra 2023/2024. O montante disponível para operações de crédito foi anunciado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Advogado especialista em agronegócio, Evandro Grilli comenta o impacto da injeção de recursos na produção rural brasileira. "Significa uma maior disponibilidade de crédito, que acaba de uma certa forma melhorando os mecanismos de produção, insumos, equipamentos e ajuda o país a aumentar a sua produtividade na questão do agro", explica. 

Os produtores rurais que têm acesso aos recursos podem usá-los para cobrir os custos de produção, investir em novos equipamentos e tecnologias, construir ou ampliar armazéns, entre outras finalidades. 

João Batista Ramos, pecuarista e produtor de soja e milho em Campos Novos (SC), diz que usa os recursos do programa com frequência. Ele pede que o governo amplie o valor ofertado por meio do programa, bem como diminua as taxas de juros das linhas de crédito. 

"O Plano Safra é importantíssimo para nós produtores. Só vejo que temos que aumentar os recursos e a questão dos juros. O ganho dentro da agricultura está achatado, e o produtor está tendo problemas para cumprir com vários compromissos", diz.

O produtor diz que o financiamento permite a ele custear o negócio e investir em melhorias que garantam ganhos de produtividade. 

"A gente usa para custeio e para investimento em equipamentos. A agricultura é muito dinâmica — e o produtor rural precisa renovar os seus equipamentos para produzir mais e, para isso, os recursos do Plano Safra são importantíssimos."

Números do Plano Safra 

O Plano Safra é um programa de incentivo financeiro de fomento à produção agrícola brasileira. A edição atual ofertou cerca de R$ 435,8 bilhões, dos quais R$ 319,2 já haviam sido desembolsados até o fim de março — conforme atualização mais recente do Ministério da Agricultura e Pecuária. 

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09/04/2024 05:00h

O resultado positivo foi puxado pela cultura da maçã e do fumo, na região Sul

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O mercado de trabalho do agronegócio em fevereiro de 2024 gerou 25.285 vagas. Das 4.703 cidades com movimentação no mercado de trabalho do agro, 2.518 apresentaram expansão e 1.870 tiveram redução. As cidades com as maiores expansões mensais foram Santa Cruz do Sul/RS (+4.201), Vacaria/RS (+4.103), Rio Paranaíba/MG (+1.510), Venâncio Aires/RS (+1.310) e São Joaquim/SC (+1.257). Os dados são da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

Segundo o levantamento, os pequenos municípios foram responsáveis por 50% do saldo positivo (+12,7 mil vagas), enquanto as grandes cidades contribuíram com apenas 15% desse saldo mensal. A maior parte (85%) do aumento líquido de empregos em fevereiro ocorreu na região Sul, com destaque para os setores de cultura de maçã (+5,9 mil vagas) e cadeia produtiva do fumo (+5,8 mil vagas), que juntos geraram um acréscimo de 22,1 mil vagas.

Os desligamentos associados ao cultivo de laranja (-6,9 mil) e à fabricação de açúcar em bruto (-2,5 mil) limitaram um resultado mais positivo. Essa tendência já havia sido observada em janeiro e reflete um padrão sazonal nas contratações, voltado para a produção de culturas características do início do ano.

Os maiores percentuais de admissão no mercado de trabalho foram registrados na região Sudeste, representando 34,6%, e na região Sul, com 32,4%. Em comparação com fevereiro de 2023, observou-se um crescimento significativo do emprego, com aumentos de 23,5% no Sul, 20,6% no Centro-Oeste, 17,5% no Sudeste e 11,7% no Norte. No entanto, a região Nordeste foi a única a apresentar uma redução no número de vagas no mês (-7.966), apesar de um aumento de 14% no volume de admissões.

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06/04/2024 00:01h

Programa de fomento à atividade no campo existe há duas décadas. Especialistas e produtores comentam importância da iniciativa

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Produtores rurais de todo o país tiveram acesso a R$ 319,2 bilhões em crédito nos últimos nove meses por meio do Plano Safra 2023/2024. O mais recente balanço do programa foi divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), nesta quinta-feira (4). 

O montante já liberado é 14% superior àquele dos nove meses do Plano Safra anterior. Os R$ 319,2 bilhões em crédito rural para custeio, investimento, comercialização e industrialização do campo correspondem a 73% do que o governo disponibilizou para os produtores nesta edição do programa. 

Advogado especialista em agronegócio, Evandro Grilli lembra que o Plano Safra é uma política brasileira de incentivo financeiro à produção rural, pois permite aos agricultores o acesso ao crédito. 

"Isso nos ajuda no sentido de proteger um segmento da economia que é essencial para o país em termos de reflexo interno e reflexo externo da balança comercial, que é o agronegócio", destaca. 

Grilli ressalta que o valor do Plano Safra 2023/2024 é o maior da história, recorde que vem sendo batido ano a ano. A expectativa dele e dos produtores rurais é de que a próxima edição do Plano Safra seja ainda maior, como o próprio ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou na última segunda-feira (1º) em entrevista ao Canal Rural. 

"É compromisso do presidente Lula fazer planos Safra sucessivos maiores do que os passados. Batemos recordes no maior plano Safra da história em 23/24  — e estamos trabalhando para fazer um ainda maior em 24/25."

Caso isso se concretize, o país só tem a ganhar, destaca o especialista em agro. "Este ano, a expectativa é de cifras mais elevadas em toda a história dessa iniciativa. Significa uma maior disponibilidade de crédito, que acaba, de uma certa forma, melhorando os mecanismos de produção, insumos, equipamentos e ajuda o país a aumentar a sua produtividade", aponta. 

Quem trabalha na ponta junto aos produtores rurais reforça que essa política pública – em vigor desde o início do século – é crucial para a agricultura do país. É o caso de Evandro Oliveira, consultor de Safras & Mercado, especialista nas culturas de arroz e feijão. 

"O Plano Safra é uma ferramenta de grande importância para os produtores, principalmente para os pequenos, porque permite acesso ao crédito. Muitos produtores não têm capital suficiente para investir nas operações agrícolas, seja para aquisição de tecnologia ou para redução dos custos", destaca. 

Oliveira pontua que, além de garantir recursos para o plantio, a política pública é importante para impulsionar a adoção de novas tecnologias nas lavouras. 

Recursos para investimentos em infraestrutura e tecnologia

"O Plano Safra inclui recursos para investimento em infraestrutura, tecnologia, modernização das propriedades rurais, — o que é crucial para os pequenos produtores, para que não haja uma estagnação. Muitas vezes eles encontram dificuldades enormes para investir em melhorias que poderiam aumentar a produtividade e a competitividade no longo prazo. Essa questão do investimento é crucial", diz. 

Segundo o Mapa, as contratações de crédito para investimentos por meio do programa totalizam R$ 75 bilhões. Para custeio, o subsídio do governo chegou a R$ 177 bilhões, enquanto para comercialização foram R$ 40 bilhões; e para industrialização, R$ 25 bilhões. 

Apoio

Engenheiro agrônomo e produtor rural de soja, milho, cana de açúcar, bovinocultura, entre outros cultivos, Ênio Jaime Fernandes diz que o crédito facilitado foi fundamental para ele, quando ainda era um pequeno agricultor, há 30 anos. 

"A gente era um produtor extremamente pequeno, e o apoio do governo federal, tanto financeiro, como com informações de pesquisa da Embrapa, foram fundamentais para que a gente crescesse", destaca. 

Ele diz que, mais do que aumentar os recursos ano a ano, é importante que o Mapa busque a diminuição das taxas de juros para acesso ao crédito do Plano Safra, sobretudo para os pequenos produtores. 

"A maioria dos empregos não está nas grandes companhias. Está no pequeno e médio produtor e na pequena e média empresa. Interessante é que quando ele apoia a pequena e média empresa, gera desenvolvimento para o Brasil, do interior para as capitais. É um ciclo positivo", afirma. 

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05/04/2024 00:02h

A região Sul lidera com 79% dos municípios oferecendo o serviço

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O Serviço de Inspeção Municipal (SIM) está presente em 58% dos municípios brasileiros, segundo o levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizado com 3.405 municípios entre os meses de abril e junho de 2023. A presença do SIM é maior na região Sul, onde 79% dos municípios informaram prestar o serviço, seguida pelo Norte (60%), Centro-Oeste (53%), Sudeste (46%) e Nordeste (46%).

O consultor de orçamento Cesar Lima explica que o SIM faz parte do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) — e é uma instância local responsável pela fiscalização sanitária dos produtos de origem animal.

“Serve para facilitar a inserção da produção desses municípios no mercado formal. Os municípios que estão aderidos ao Suasa, por meio do seu serviços de inspeção municipal, podem verificar a sanidade dos produtos de origem animal dos seus municípios para o mercado local, ou seja, o SIM só pode autorizar a venda de produtos de origem animal no mercado daquele município”, informa.

De acordo com o SIM, a comercialização de produtos de origem animal de forma clandestina —sem a inspeção e fiscalização adequadas— é uma infração legal, que aumenta o risco de transmissão de doenças e ocorrência de intoxicações alimentares.

O levantamento também mostra que apenas 8% dos municípios que atualmente não possuem o serviço demonstraram desinteresse em implementá-lo. Entre as razões citadas pelos gestores, em 36% dos casos (em 2023), está o baixo número de estabelecimentos agroindustriais — o que justifica a não criação do Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Em 2017, o percentual era de 54%.

Como os municípios podem aderir ao SIM?

Pessoas interessadas em aderir ao programa devem entrar em contato com a Secretaria ou Departamento de Agricultura do município em que reside. 

O serviço de inspeção também pode ser estabelecido por meio de uma associação entre municípios. Para isso, os municípios interessados e próximos devem formar um consórcio público para realizar a inspeção de forma conjunta.

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05/04/2024 00:01h

Subvenção do governo a produtores que registraram perdas nas lavouras deveria ser maior diante das dificuldades climáticas enfrentadas no campo, disse ministro Carlos Fávaro

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Em meio às perdas projetadas para a safra 2023/2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estuda um novo modelo para o Seguro Rural. Esta semana, em entrevista ao Canal Rural, o ministro Carlos Fávaro destacou que o governo quer aumentar o valor da subvenção, ajudando a baratear o preço das apólices e a aumentar o número de produtores beneficiados. 

"Há necessidade de mais, afinal de contas as intempéries climáticas viraram realidade e estão causando bastante danos nas lavouras. As apólices e o custo de produção estão mais caros — e isso requer que o governo esteja participando mais", disse. 

No ano passado, o governo disponibilizou cerca de R$ 1 bilhão para subvencionar o Seguro Rural em todo o país, mas representantes dos produtores pleiteiam um valor entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, pois consideram o montante atual insuficiente. O ministro concorda e diz que é desejo da pasta chegar à cifra, mas que é preciso agir com responsabilidade orçamentária devido às metas fiscais do governo. 

Uma das alternativas em análise pelo Mapa, segundo Fávaro, é redirecionar parte dos recursos do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) para o Seguro Rural. "O Proagro teve um dispêndio público de R$ 10 bilhões no ano passado. Será que nós não podemos equacionar isso? Ajustar ele para economizar R$ 1 bi, R$ 2 bi e passar esse recurso para o seguro rural e ampliar as coberturas", sugeriu. 

Evandro Grilli, advogado especialista em agronegócio, explica que o custo das apólices para os produtores que buscam segurar a lavoura varia de acordo com o risco climático. "É como um seguro de carro. Se você é motorista jovem, o seguro é mais caro do que para o motorista de 50 anos, que tem um perfil de direção diferente", compara. "Não é uma ferramenta barata e, em um cenário de instabilidade climática, o custo desse seguro não tem muita perspectiva de baixar", ressaltou. 

Grilli lembra que o seguro é importante para o setor, pois protege os produtores de quebras de safra que possam ocorrer em virtude da falta ou excesso de chuvas, por exemplo. "É um instrumento importante que o mercado tem oferecido e que está começando a ganhar importância no agronegócio brasileiro". 

Por isso, o especialista diz que aguarda com expectativa positiva o aumento dos recursos disponibilizados pelo poder público. "Na medida em que o governo possa aumentar as disponibilidades de subsídios, é muito bem-vindo para o setor. A gente está num momento de ajuste fiscal. E é um desafio grande do ponto de vista do orçamento público encontrar espaços para aumentar essa cifra", pondera. 

Minimizar perdas

Assim como diversos produtores espalhados pelo país, a safra de 2023/2024 não será positiva para Flávio Faedo, produtor de soja, milho e feijão, em Rio Verde, Goiás. 

Ele conta que a irregularidade das chuvas prejudicou a colheita da soja e também, em consequência, a do milho — em especial a segunda safra, a "safrinha". Embora ainda vá colher uma parte da produção, Faedo dá como certa uma perda de cerca de 15% em relação à safra anterior. 

O valor obtido com a venda das sacas não será suficiente para cobrir os custos de produção, estima. "Este ano, a margem de lucro é zero. Eu ainda não terminei a colheita, mas provavelmente vai dar um pouco de prejuízo", lamenta. 

O seguro rural, no entanto, evitou que o prejuízo fosse ainda maior. "Eu usei o seguro em uma área não muito grande, mas o seguro tem dois lados. Tem o lado que garante uma parte, pelo menos para empatar, não perde. E o outro que é: os valores estão altos", diz. 

Segundo o ministro do Mapa, Carlos Fávaro, a pasta está usando a tecnologia para cruzar informações meteorológicas e agronômicas de modo a baratear o preço das apólices e facilitar a aquisição dos seguros pelos agricultores. 

Renegociação de dívidas

Outro mecanismo que pode aliviar o bolso dos produtores rurais que registraram perdas nas lavouras nos últimos meses é a renegociação de dívidas aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 

A flexibilização foi pedida pelo governo diante dos problemas climáticos e da queda no preço dos produtos agrícolas, que levaram a prejuízos no campo. 

A autorização do CMN permite que as instituições financeiras renegociem até 100% do valor principal das parcelas do crédito que venceram ou irão vencer entre 2 de janeiro e 30 de dezembro de 2024 — e que estavam em dia até 30 de dezembro do ano passado. 

Arte: Brasil 61

Os produtores rurais que se enquadram nos critérios têm até 31 de maio para formalizar o pedido de renegociação. "O prazo limite é 31 de maio. Todos aqueles que precisam, façam a repactuação, mesmo que vá vencer lá em setembro, outubro deste ano, você já faz o pedido, porque com isso a gente vai calcular as necessidades de recursos públicos para fazer essa renegociação e isso impacta diretamente no novo Plano Safra, que nós queremos que seja o maior plano safra da história", afirmou o ministro. 

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04/04/2024 00:02h

Nos três primeiros meses do ano, Brasil fechou 26 acordos com 18 países. Açaí, gelatina e embriões bovinos estão entre itens de menor impacto na balança comercial que ganharam espaço

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O melhor trimestre da série histórica em abertura de mercados para o agronegócio brasileiro  —  foram 26 em 18 países —  mostra que o país não está expandindo apenas as exportações de produtos já conhecidos pelo impacto positivo na balança comercial, como as carnes e o café. Produtores de itens como açaí, gelatina (e mesmo de embriões bovinos) comemoram os acordos do país com novos parceiros. 

É o caso de Rafael Ferreira, diretor mercadológico da Petruz Fruity, empresa paraense que faz diversos produtos a partir do açaí. Em fevereiro deste ano, a companhia viu a Índia autorizar a compra do açaí em pó brasileiro, acordo bastante celebrado — ele conta. 

"É um país que está começando a entrar na cultura de consumo de açaí. Para a gente, é razão de muita felicidade. Ainda não é um mercado que está superaquecido, mas a gente sabe que estamos nos primeiros passos disso acontecer", acredita. 

Embora o açaí mais conhecido pelos brasileiros seja o congelado (seja o açaí puro ou o sorvete), Rafael diz que dificuldades de transporte e armazenamento explicam por que a Índia tem cobiçado mais a versão em pó da fruta brasileira. Ele afirma que o acordo fechado entre os dois países é consequência de um trabalho iniciado há alguns anos. 

"Antes da pandemia, a gente já participava de feiras de negócios do segmento de alimentos e bebidas na Índia, mesmo sem a gente ter nenhuma demanda na época. A gente acreditou nesse mercado e acabou plantando no mercado indiano a ideia do açaí. Naquela época a gente deixou algumas sementes e agora está colhendo os frutos", celebra. 

Os 26 novos mercados com 18 países abertos entre janeiro e março deste ano contemplam cinco continentes. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), trata-se do melhor primeiro trimestre da série histórica de novos acordos para o agronegócio brasileiro. 

Em entrevista ao Canal Rural, o ministro do Mapa, Carlos Fávaro, disse que a pasta tenta estabelecer boas relações comerciais por onde passa — e que isso tem gerado efeitos positivos para o campo brasileiro.

"O presidente demandou que a gente fizesse missões governamentais pelos países onde ele passou, levando empresários também para buscar a reconexão ou até a conexão onde não existia e, com isso, gerar oportunidades comerciais", ressaltou. 

Potencial de crescimento

Diretor institucional da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos elogia a busca do Mapa por novos mercados para as frutas brasileiras. 

"​​É um processo demorado, burocrático e envolve interesses comerciais. Muitas vezes o país que vai abrir mercado pro Brasil tem pressão comercial, pressão política. Então, quando há esses esforços tentando abrir mercado, a gente sempre vê com bons olhos. Isso é positivo", comenta. 

Em 2023, por exemplo, a fruticultura brasileira viu acordos por mamão fresco, com o Chile; abacate e suco de açaí, com a Índia; saírem do papel. Mas ainda há espaço para bem mais, comenta Barcelos. 

"A gente é um grande produtor, o terceiro do mundo, mas exporta apenas 3% do que produz. Exatamente por não ter acesso, não poder exportar para esses mercados. Essa abertura é importante, porque vai dar ao produtor brasileiro a possibilidade de mandar seus produtos para outros países", projeta. 

Emprego e renda

O impacto da abertura de mercados não chega apenas às grandes agroindústrias ou lavouras. Rafael Ferreira lembra que os produtores de lugares distantes do país que compõem a cadeia se beneficiam com a internacionalização da produção. 

"A indústria finaliza algo que começa lá na região ribeirinha. Muitas vezes, por trás de um dia nosso de produção, tem centenas de famílias. Se tem muita família, tem renda sendo gerada todo dia, tem oportunidade, tem poder de compra, então isso é positivo para a gente, é positivo para a cadeia e, para agricultura familiar, com certeza, também é", avalia. 

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