Data de publicação: 04 de Julho de 2019, 17:26h, Atualizado em: 04 de Julho de 2019, 20:23h
No passado diagnosticada como uma enfermidade sem cura, a hanseníase é uma doença crônica, transmissível, que atinge os nervos, retira a sensibilidade da pele e pode até atrofiar membros. Os sintomas costumam ser manchinhas espalhadas pelo corpo, que ficam insensíveis. No local da mancha, a pessoa para de sentir dor, calor ou frio. Mas se for tratada a tempo, a hanseníase tem cura e não deixa sequelas.
Em Marituba, por exemplo, há uma colônia de moradores que foram diagnosticados com a doença. O aposentado Geraldo Cascaes é um dos moradores que vivem no local. Ele foi diagnosticado com a doença com apenas três anos de idade, já que na família havia outros casos de infecção. Como na época não havia um conhecimento mais detalhado sobre doença, o tratamento não foi o adequado e isso causou graves sequelas.
“Quando eu fui detectado como doente, eu já estava com sequelas da doença. Eu já estava com atrofia nas duas mãos, e eu estava passando por um fenômeno que os médicos dizem que eu estava com o “pé caído”, o pé direito caído. O que é isso? É um fenômeno que acontece com o paciente que ele não controla o pé, ele não consegue erguer o pé, caminha batendo o pé, como se tivesse uma deficiência. Em consequência de sequelas da doença, eu tive os dois pés amputados e tenho as duas mãos atrofiadas. Eu comecei o tratamento ainda criança, em 1954, e fui para uma colônia de isolamento. Passei todo um processo da compulsória, cresci e acabei de me criar dentro de uma colônia. Eu lembro que eu já sabia ler, e li na caixa que o remédio dizia assim: ‘para o tratamento quimioterápico da lepra’.”
O isolamento de pacientes com hanseníase era muito comum antigamente porque as pessoas tinham medo de contrair a doença. O preconceito e o estigma com essa infecção ainda faz os pacientes sofrerem até os dias atuais. O que pouca gente sabe é que, já nos primeiros dias de tratamento, o paciente não transmite mais a bactéria que causa a doença. Por isso, a melhor solução para a hanseníase é o cuidado logo nos primeiros sintomas, como alerta o hansenólogo da Coordenação de Controle da Hanseníase do Pará, Carlos Cruz.
“A melhor prevenção na verdade seria o diagnóstico precoce, naquela fase de manchas, onde os nervos não foram afetados. Para isso, é preciso que examine todas as pessoas que convivem com o doente. Com essa medida, a gente consegue diagnosticar a hanseníase em fase inicial, evitando que ela evolua para as incapacidades físicas. Além disso, uma outra medida que é realizada nestas pessoas que convivem com o doente é fazer o BCG. O BCG é uma vacina que é usada para prevenir a tuberculose, mas que também é usado na hanseníase para aumentar a resistência das pessoas. E essas pessoas, uma vez vacinadas, se adoecerem, contrairão sempre uma forma mais leve da doença. Não impede de adoecer, mas faz com que a pessoa adoeça de uma forma mais leve da hanseníase.”
Por isso, o importante mesmo é ficar atento aos sinais do seu corpo. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances de sequelas. Em caso de dúvida, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Então, não esqueça: identificou, tratou, curou. Para mais informações acesse saúde.gov.br/hanseníase.