Foto: Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)
Foto: Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)

Acordo da Base de Alcântara “favorece desenvolvimento do mercado espacial”, afirma presidente da Agência Espacial Brasileira

Para Carlos Moura, parceria com os EUA faz com que o Brasil “tenha presença internacional no setor”, assim como ocorre na indústria aeronáutica

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Aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados nesta semana, o Acordo de Salvaguardas Tecnológicos (AST) que permite o uso comercial da Base de Alcântara, no Maranhão, abre perspectiva de inserção do Brasil no mercado internacional de lançamento de foguetes. A avaliação é do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Moura.

Segundo ele, a proposta retoma a ideia original da década de 1980, quando Alcântara foi escolhida para ser o principal centro de lançamento brasileiro. “O plano diretor já previa que nós teríamos espaço para o nosso programa espacial interno autônomo e para outras aplicações que poderiam ser utilizadas por programas mais avançados”, lembrou.

O acordo de cooperação entre Brasil e EUA prevê que a base espacial seja explorada pelo país norte-americano e países que utilizem tecnologia americana. Com isso, o Brasil receberá uma compensação financeira pelo uso do espaço. O interesse americano se dá por conta da localização privilegiada, na Linha do Equador, que reduz o consumo de combustível e tornando os lançamentos de foguetes mais baratos. 

“Se o país tem um espaço tão importante quanto Alcântara, temos que fazer o melhor uso possível daquilo e aproveitar todos os recursos que já investimos naquela região”, completou Moura. Estimativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MTIC) indica que, nos últimos 20 anos, o Brasil perdeu aproximadamente R$ 15 bilhões por não ter fechado acordo comercial da Base de Alcântara. O valor se refere aos lançamentos que não foram realizados pelo país, levando em conta apenas 5% dos eventos ocorridos no mundo todo neste período.
Arte: Italo Novais/Agência do Rádio Mais Para Carlos Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), a expertise dos norte-americanos pode render bons frutos ao setor aeroespacial brasileiro. “É uma vantagem para nós que vai nos permitir fazer negócios externamente e favorecer todo o desenvolvimento de um mercado espacial no Brasil, mas que também tenha presença internacionalmente, como é o caso da nossa indústria aeronáutica”, comparou.

Apoio da bancada maranhense

Dos 18 parlamentares que representam o Maranhão na Câmara Federal, 16 disseram à reportagem da Agência do Rádio Mais que o projeto é positivo para a economia do estado. Na visão do deputado federal Gastão Vieira (PROS-MA), o acordo é uma oportunidade, inclusive, para que o Brasil saia da crise. “É algo que pode dar sustentação ao nosso desenvolvimento científico e tecnológico não apenas na área espacial no Maranhão, mas para todas as áreas do país”, declarou.

Para o deputado André Fufuca (PP-MA), os moradores da Baixada Maranhense serão os principais beneficiados, caso o acordo também tenha o aval dos senadores. “A partir desse momento, há também melhoria na qualidade de vida da população de todos os moradores ao redor. Torço para que a partir do momento que houver essa evolução tecnológica na região, haja também equilíbrio no que diz respeito às desigualdades sociais, que são pujantes e visíveis”, defendeu Fufuca.

Em 2002, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma proposta de acordo para exploração do centro espacial. Uma das principais críticas feitas à época e que ainda reverbera no projeto atual é que isso retiraria a soberania brasileira sobre o local. O que, segundo o deputado Aluísio Mendes (PODE-MA), é uma interpretação equivocada e que já foi corrigida no texto aprovado no Plenário da Câmara.

“Quem fala isso, não conhece e não leu o acordo. Não fere em nada a soberania do país, o acordo é muito claro ao dizer que o Brasil tem total autonomia e soberania por todo o território da base onde será instalado o projeto. Quem diz o contrário está contra o Brasil e contra o Maranhão”, enfatizou Mendes.

Arte: Italo Novais/Agência do Rádio Mais

Aprovado na última terça-feira (22) por 329 votos favoráveis e 86 contrários, o acordo previsto no PDL 523/2019 passará por análise dos senadores. A expectativa é que o texto seja votado ainda este ano.

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